O show que o Barcelona deu ontem no River Plate serviu para comprovar a manutenção da enorme distância entre o futebol europeu e o sul-americano. Distância que parece aumentar ainda mais à medida que os craques revelados por aqui são exportados cada vez mais cedo e assumimos, em ritmo crescente, a função de meros formadores de talentos.
Não há como concorrermos com um mercado financeiro tão forte, pois nossa moeda se afunda no câmbio e aí ficamos sem saída para mantermos pelo menos uma base digna em nossos clubes.
O exemplo recente foi a saída de Jadson para a China. O craque paranaense já havia postergado o aceite no início do ano, quando preferiu embarcar no projeto do Corinthians, que se revelaria extremamente vitorioso.
Mas agora não teve jeito e ele, passando dos 30, sentiu a oportunidade de estabilizar definitivamente suas contas para garantir o futuro da família. A diferença de uns tempos para cá é o destino desses jogadores. Nos primeiros tempos iam para a Europa, depois de gastarem a bola em gramados locais. Já partiam como jogadores formados, não como ocorre agora, alguns ainda nas fraldas.
Depois, os veteranos que atuavam por lá começaram a voltar para curtir a idade madura atuando em seus países. Veio o futebol árabe a mudar isso, mas hoje já não tem mais o mesmo poder de atração (até mesmo pela dificuldade de adaptação ao modo de vida local). Até que começou a ascensão dos asiáticos, principalmente da China, país que não tem mais onde pôr dinheiro (e poluição).
Veja como está a situação atual. O Corinthians, campeão brasileiro, com troféu de título mundial na galeria, perde o seu jogador mais importante (se não for, empata com Renato Augusto, que também tem proposta de fora) para uma obscura equipe da China. Da segunda divisão da China, melhor dizendo. Só que isso não afeta, claro, o desejo de Jadson consolidar seu pé meia, mas, sim, escancara a enorme dificuldade de sobrevivência do futebol profissional pelas bandas de cá.
E enquanto esse abismo cresce em progressão geométrica, nossos dirigentes, por aqui, estão divididos entre tentar escapar das autoridades policiais e manter campeonatos falidos que, de retorno, só trazem votos a mantê-los nos cargos que ocupam.
Daqui mais uns dias vira o ano e vamos ter de deglutir as insossas competições que o calendário nos determina.
Mas é assim que funciona, sem qualquer sinal de mudanças para o futuro breve.
Descanso
Essa coluna dá uma parada por algumas semanas. Estará de volta na última semana de janeiro, tentando garimpar melhores assuntos após a virada do ano.
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