Vamos admitir, só os mais otimistas torcedores do Coritiba acreditavam. A derrota na primeira partida, em Curitiba, deixava poucas esperanças de classificação contra um adversário embalado e com casa lotada para chancelar a passagem para a próxima fase da Copa Sul-Americana.
Mas o Coritiba foi valente, soube controlar a adrenalina, engoliu em seco o gol do Belgrano e partiu para virar o placar, devolvendo o mesmo marcador do primeiro jogo e levando a decisão para as cobranças de pênaltis. E chegou à marca histórica de passar pela primeira vez a uma segunda fase de torneio internacional, jogo oficial, com uma expressiva vitória fora do Alto da Glória, também a primeira.
O goleiro Wilson foi decisivo no jogo, pegando duas cobranças e ainda tendo cabeça fria suficiente para fazer o dele, fechando as contas a favor a garantindo a classificação para a próxima fase, já agendando compromisso com o Atletico Nacional, campeão da Libertadores.
Uma constatação irrefutável: Paulo César Carpegiani fez a diferença na transformação do comportamento tático dessa equipe, que segue em frente com seu calendário internacional.
Atores bufões
Mas o Coritiba não saiu com vantagem no confronto contra o Belgrado e daí foi complicado buscar a classificação na Argentina. Na ocasião, um dos argumentos utilizados pelo técnico coxa foi a força da pressão da torcida, em estádio quase lotado, que teria afetado o rendimento de seus jogadores.
Pode até ter contribuído, mas não com todo esse peso. O que pegou mesmo foi a dificuldade de o brasileiro se adaptar à arbitragem padrão internacional. A todo instante, naquela partida, havia um esbarrão em disputa direta e o jogador alviverde caía, gesticulando a reivindicar falta. Que, sabidamente, não se marca fora de nossas plagas. E assim, de falta em falta cavada, o time se perdeu, sem saber exatamente com agir e permitiu que os adversários tomassem conta da partida.
Por causa de todo esse teatro de simulações o futebol brasileiro anda muito chato. Muito enfadonho, travado, porque nossos árbitros também estão acostumados a esse ritmo e, quando têm vontade de dinamizar o jogo, são criticados por todos os demais envolvidos, de jogadores, comissão técnica, dirigentes à torcida, que vê falta em tudo.
Nas transmissões que temos feito pelo SporTV (e Premiere FC), o companheiro Gil Rocha levanta um dado interessante: não há partida na qual o goleiro do time vencedor (ou interessado no resultado) não caia para ser atendido pelos médicos com o objetivo de ganhar algum tempo. Começamos a marcar e constatamos: em todas elas acontece isso e o leitor certamente poderá perceber o mesmo. Será que não tem como mudar o foco?
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