Discretamente, sem foguetório, sirenes ou reboliços, o Coritiba contratou um reforço considerável para tentar entrar nos eixos no restante da temporada. O experiente Borba Filho, com passado vitorioso pelo futebol paranaense em todos os cantos, é o novo consultor do clube. Será o responsável pela observação e posterior indicação de jogadores de bom potencial para serem contratados, alguns até mesmo dentro do próprio clube, enquanto, ao mesmo tempo, de encaminhar outros não aproveitados para que ganhem melhores chances no mercado.
Borba é um eterno estudioso do futebol. Como comentarista esportivo foi o melhor dentre os que trabalhei. No rádio, ele conseguia passar a perfeita imagem do jogo, as definições táticas e apontava soluções aos possíveis problemas enfrentados pelos litigantes lá dentro de campo.
Mas brilhou muito, mesmo, foi no dia a dia em campo. Primeiramente como técnico, formando jogadores e ganhando títulos importantes. O mais significativo deles talvez tenha sido aquele do Pinheiros, nos anos 80, quando revelou uma geração que brilharia mundo a fora – Serginho Prestes, Norberto, Roberson, Marquinhos, Jatobá, Sérgio Luiz e uma boa leva – e viu, de fora, a molecada dar a volta olímpica na comemoração do campeonato estadual.
Aliás, teve um episódio curioso em uma de suas conquistas. Quando o Pinheiros liquidou o jogo decisivo, garantindo o placar além do que necessitava, ele simplesmente deixou o banco de reservas e foi embora. Perguntado pelo repórter por que estaria saindo, disse: “nada mais tenho a fazer aqui, a festa agora é com eles” – apontando para os comandados em campo.
Ronaldo Augusto Borba, grande figura, grande caráter e profissional de bagagem invejável. Girou pelas Américas garimpando jogadores para o Atlético e foi o responsável pelas vindas de Valencia e Ferreira, os colombianos que deram muito certo. Isso e mais em muitos anos de trabalho, quando chegou até a assumir o time numa Libertadores e a garantir classificação para a próxima etapa, com uma difícil vitória no Paraguai.
Agora ele está novamente no Coritiba, onde iniciou carreira – lançando os promissores jovens Levir e Dirceu – no fim dos anos 1960. Não perdeu o contato com as boas fontes e foi dele a indicação do venezuelano Gonzales, que estreou muito bem, antes de se machucar. Como este, agora, certamente outros bons valores virão. E olha que o time está precisando muito e muito de qualidade.
O Coritiba conta, agora, com um profissional qualificado e rodado, capaz de proporcionar o lastro que vem faltando, por conta de falta de cabeças pensantes no futebol do clube. Se ninguém atrapalhar, dá certo.