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Qual é o teu palpite para a decisão?

- Não tenho palpite. Isso é coisa pra torcedor e a gente encara o jogo com outro enfoque.

- Ah, vá... dá Atlético, não dá?

- Estou dizendo que não dou palpite.

- Então quer dizer que acha que dá Coxa, sabia... Viu? Ele disse que dá Coxa no domingo.

- Eu não disse isso, disse que não dou palpite.

E lá se foi mais uma conversa de futebol com um sujeito que eu nem conhecia. Foi no evento de lançamento do Brasil Sabor 2013 e o rapaz já chegou perguntando, como tantos outros que se aproximam, por causa da intimidade que estabelecemos pelo contato via tevê, rádio ou jornal. Só que a conversa nunca muda. Primeiro o torcedor quer o palpite e logo em seguida descobrir o time de preferência. E invariavelmente não se contenta com a resposta, pois o que quer ouvir é somente aquilo que pensa, nada discordante. E quando pergunta o time, já tem na cabeça qual é e não há o que o faça mudar de ideia.

Certa vez, no pique de uma de minhas caminhadas, fui abordado por dois rapazes. Simpáticos e bem educados (como nem sempre são os torcedores que nos questionam), discutiam entre eles, cada qual achando que eu torcia por um time. "Eu acho que você é coxa, ele garante que você é atleticano", um deles me disse. "Pois eu tenho certeza de que você, que me acha coxa, é atleticano. E ele, que me vê atleticano, é coxa. Acertei?"

Acertei. Porque não tem erro. O torcedor vai se basear em críticas feitas ao time dele para tentar nos enquadrar nesta ou naquela torcida. Nunca na dele, pois, pensamento de torcedor, jamais alguém criticaria o próprio time. E esse pensamento vale para os dirigentes, também. Como a grande maioria é passional, o comportamento é exatamente o mesmo, torcedor puro. Por essas e outras hoje me esquivo dessas respostas em rodinhas de conversa. Mesmo porque sempre vai gerar má interpretação. Além do mais, a função de jornalista nada tem a ver com pitonisa (embora haja até quem se arvore como tal) ou oráculo em suas profecias. Nossa função é informar o melhor possível com isenção e basear nossas opiniões em fatos e dados concretos.

Quem ganha o título? Não sei, seria profecia. Seria, sim, possível estabelecer o favorito. O Coritiba, pela diferença técnica entre as equipes e até pela diferença na maneira de encarar o campeonato entre os dois clubes. Enquanto um deseja conquistá-lo, o outro, abertamente, manifesta repetidamente seu desprezo por não considerar importante.

Mas, antes das possíveis livres interpretações, favoritismo não significa conquista antecipada. Ou até mesmo torcida antecipada. É apenas uma comparação que se desmancha quando a bola começa a rolar.

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