Ontem foi só administrar o resultado. O Paraná Clube fez da vitória em Salvador a ponte de passagem para a próxima fase da Copa do Brasil e desta vez, na Vila Capanema, só teve de manter o serviço para seguir à frente na competição nacional.
Não foi das exibições mais primorosas, abriu mão do ataque, concentrou todos os esforços na (boa) defesa e deixou o jogo seguir, sem, ao menos, oferecer alguma opção de contra-ataque, para deixar a pulga atrás da orelha do Vitória, que, desimpedido, mandou na posse de bola e esteve o tempo todo buscando ameaçar do meio em diante.
Pode ser que não tenha sido ensaiado assim, pois Renatinho e Robson, teoricamente os jogadores de articulação dos paranistas, não apareceram em campo. Robson ainda um pouco, mas Renatinho sumiu, estranhamente sumiu.
Mas, seja como for, talvez tenha sido a maneira encontrada pela equipe para fazer valer o resultado do primeiro jogo. E com o 0 a 0 de ontem veio a garantia de participação na próxima etapa da competição. Ah, sim, e mais de R$ 1 milhão na conta bancária do clube.
Futuro promissor
Considerando a eliminação para o Atlético um percalço natural do futebol, dá para vislumbrar um interessante horizonte aos paranistas para o restante da temporada. O torcedor, sempre desconfiado, ainda está pagando para ver, pois, em outras ocasiões, o time também começou bem e foi fazendo água aos poucos. (Quem não se lembra da temporada 2010, por exemplo, na qual o Paraná descansou como líder indiscutível na pausa para a Copa do Mundo e depois, no fim do ano, teve de se esforçar para não ser ameaçado pelo rebaixamento?)
A diferença de outros tempos para a realidade de hoje está fora de campo, na administração, na tesouraria. O time ia perdendo o elã com o passar das rodadas devido ao estado emocional dos jogadores, tensos e preocupados com os salários atrasados, já que as receitas do clube não garantiam caixa para o ano todo. E os cartolas, ansiosos, iam contratando mais e mais atletas, sem lastro também para pagá-los nos meses vindouros.
Hoje em dia não há mais tensão interna. Os dirigentes são mais centrados, o fluxo financeiro está sob controle – e a própria campanha bem-sucedida na Copa do Brasil tem garantido entrada de recursos para a manutenção da estrutura, refletindo diretamente no ânimo dos profissionais e, a partir daí, nos resultados em campo.
E o que em anos anteriores era descartado pelos mais racionais (claro que o passional torcedor sempre achava que poderia dar tudo certo), já passa a ser encarado como viável: o acesso à Primeira Divisão do futebol nacional, depois de dez anos de estágio da Série B. E que, no fundo do fundo, é o anseio maior de todos.
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