Deu tudo errado. As trapalhadas impediram o êxito da primeira interferência da tecnologia nas decisões de arbitragem. Por mais que a Fifa tenha se pronunciado a favor da decisão, alegando correção na medida, o que marcou mesmo foram as brechas abertas no processo todo. Aconteceu ontem, na partida entre Kashima Antlers e Atlético Nacional, pela semifinal do Mundial de Clubes. Bola no ataque japonês, acontece uma disputa na área e dali a pouco os colombianos conseguem aliviar o perigo, mandando a pelota lá para o meio de campo.
E o jogo seguiu normalmente. Aliás, normalmente, não. Dali um minuto e pouco o árbitro para a partida e aperta seu fone contra o ouvido para tentar entender a mensagem que alguém estaria passando. Era o tal “árbitro de vídeo”, pedindo a presença do apitador junto aos monitores para observar um determinado lance.
Isso, repito, mais de um minuto depois, com a partida tendo corrido normalmente. O árbitro vai lá e observa o que ocorreu. Daigo foi derrubado na área por Berrío, lance que, isoladamente, caracterizaria um pênalti. E foi isso que o assessor de imagem percebeu. Só não passou o lance desde o início para o juiz ter noção correta de todo o contexto e não apenas de uma parte dele (como essas postagens de redes sociais, que pinçam uma fase de alguém, fora do todo da conversa, e publicam só essa parte, dando outro sentido ao que inicialmente se pretendia). O lance completo marca posição de impedimento de Daigo na movimentação da bola para a grande área. Ele sai da posição irregular em direção a Berrío, empurra o colombiano e daí, quando a bola chega, corre para a área e é derrubado. O impedimento não foi considerado e o penal foi marcado, prejudicando os colombianos, que, a partir dali, perderam o rumo e foram derrotados.
Claro que a tecnologia será bem-vinda ao futebol e que esse erro deve ser creditado ao noviciado, à falta de traquejo ou o que valha. Mas, mesmo que a marcação tivesse sido correta, o pecado maior foi a falta de agilidade, pois, acredito, o tal observador deve ter ficado voltando a imagem algumas vezes até se convencer da existência do pênalti. E a bola rolando, com a possibilidade de ter saído gol, de jogador ter sido expulso, de uma história diferente ter sido escrita.
Os recursos eletrônicos foram aprovados no tênis e no voleibol por conta da presteza de seus resultados – já consagrados no futebol americano há tempos. Na dúvida, para tudo na hora e a decisão vem em seguida. Mas, para isso, o tal fiscal eletrônico teria de estar superatento a tudo o que ocorre, assistindo a partida pelo vídeo e interrompendo imediatamente assim que suspeitar de algo errado. Vamos considerar: um minuto é muito tempo no futebol para se voltar atrás.
Ok, tudo bem, vamos relevar e esquecer a estreia desastrada. Que venha para o bem o recurso eletrônico que tantos de nós reivindicamos.
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