Eduardo Cunha e Marco Polo del Nero têm muito em comum: grudam feito carrapatos no poder e não querem largar de jeito nenhum. Enquanto na Câmara dos Deputados o presidente se arma de todos os possíveis recursos (decentes ou não, morais ou não, limpos ou não) para se manter no cargo, na CBF o presidente licenciado lança manobras para que o grupo do qual faz parte não perca o comando da instituição.

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Se para um vale alterar datas e constituição de comissões, para o outro também mexer em calendários não necessita de qualquer escrúpulo e por isso o dia de ontem foi dedicado à escolha de seu possível sucessor, encaminhando a votação de Antonio Carlos Nunes de Lima, o Coronel Nunes, à vice-presidência da entidade, para, num golpe, impedir a ascensão de Delfim Peixoto Filho, presidente da Federação Catarinense de Futebol e, até então, o vice mais velho. Seria ele a assumir o cargo, caso Del Nero tenha de se afastar definitivamente, mas só que não é do grupo, éa oposição. A entrada atropelada do coronel, 79 anos, bem mais velho, manteria o grupo com a chave da casa (e do cofre e dos arquivos e dos segredos).

Só que Nunes está na mesma esteira dos demais afastados – Ricardo Teixeira, José Maria Marin e o próprio Del Nero, na iminência de ser – e está sendo investigado por ações em décadas no comando da Federação Paraense de Futebol. Na CBF, então, exposto como vidraça, será alvo bem mais fácil das forças do bem, que buscam extirpar esse tipo de gente do futebol brasileiro.

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E é com essa estrutura que o já combalido futebol do país tenta sobreviver. Porque os dirigentes da CBF são eleitos por alguns clubes, mas com muito mais peso das federações estaduais, que, por seu lado, têm na força das ligas e clubes amadores o maior contingente de votos. Enquanto isso, aqueles que mantêm a paixão brasileira pelo esporte penam para conseguir fazer valer seus pontos de vista, quase sempre não interessantes aos demais eleitores dos cartolas que se eternizam nos cargos.

A Liga Nacional poderia ser o primeiro passo para uma grande guinada. Mas aí se esbarra nos problemas semelhantes existentes nos clubes, alguns deles também com presidentes eternos ou com uma mesma corrente no comando para sempre. Não conseguem se unir, por mais que a causa seja comum, como foi constatado no extinto Clube dos 13, que nasceu com base na formação da liga e se transformou num grande monstro com o passar do tempo, uma espécie de entreposto de repasse de verbas de tevê para seus filiados.

E aí é de se perguntar: qual a saída? Para o Brasil ou para o futebol brasileiro? É a mesma para ambos e começa com a moralidade, tão difícil de encontrar em homens públicos.