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Não vou entrar naquela de "o futebol não é uma ciência exata", porque nem ciência é. Mas o jargão bem que pode ser aplicado na leitura que se faz das armações táticas promovidas pelos treinadores. Até mesmo para conhecer mais a fundo o modo de pensar e o sistema de trabalho de cada um desses profissionais.

O bom técnico é aquele que molda a equipe conforme os valores individuais dos jogadores à disposição. Por mais convicto que se­­ja de uma determinada linha tática, adapta seus conceitos à mão de obra oferecida. A não ser que co­­mande uma seleção, claro, quando pode dispor de todos os atletas que desejar. E mesmo assim isso não é regra. Dunga que o diga, ao não convocar jogadores que estavam tinindo por não se encaixarem na proposta de montagem do time que poria em campo. Deu no que deu.

No futebol paranaense temos um exemplo recente de maleabilidade que em muito contribuiu para a vitoriosa campanha do Co­­ri­­tiba. O técnico Marcelo Oli­­veira sempre se mostrou adepto do sistema com três zagueiros, dois volantes e laterais livres para seguirem ao ataque. Começou assim o campeonato estadual e foi levando, até chegar o momento de precisar en­­caixar Davi no time. Um meia de indiscutível qualidade técnica, passes longos, que municiaria ainda mais a boa peça de ataque. Fez a primeira tentativa, trocando um zagueiro por ele. E tudo deu tão certo que o esquema padrão do Coxa passou a ser o 4-4-2.

A comparação com o Atlético é inevitável. Também aficionado ao 3-5-2, o técnico Geninho tratou de incluir o terceiro zagueiro já na partida de estreia, lembrando ter sido assim a conquista do título brasileiro no comando do clube, em 2001. O sistema de agora vinha sendo um pouco diferente, próximo ao do São Paulo (reconhecido por ele mesmo), com um falso ala saindo e um lateral ficando. Parece não ter funcionado, tanto que Wagner Diniz está cotado para jogar hoje, contra o Corin­­thians-PR – lateral na lateral, no­­vamente.

A questão é saber como se portará o treinador a partir do instante em que puder utilizar Robston, recém-chegado. Volante de sair jogando e chegar à frente – até para bater a gol –, não tem a força de marcação para proteger sozinho os zagueiros e o time não poderia abrir mão de outro volante mais atrás. Será que, assim como ocorreu com Davi no Coxa, estaria para sair um dos três zagueiros ou o esquema prevalecerá?

O dono do jogo

No primeiro tempo até deu impressão de equilíbrio. Mas, de fato, o Coritiba estava apenas no aguardo de as brechas surgirem lá do outro lado, onde o Paranavaí se postava atrás. Inteligente, o técnico Mar­­celo Oliveira propôs a alternância de posição entre algumas de suas peças, confundido a marcação con­­trária. Os dois laterais, por exemplo, deixaram a posição, foram para o meio e com eles levaram a marcação, enquanto Willian e Léo Gago ocupavam os espaços pelas beiradas.

Quando chegou o primeiro gol, de bola parada, por Émerson, o Paranavaí se desmontou. Por ter sido obrigado a se abrir, ofereceu ainda mais espaço para os contra-ataques. Vitória categórica que garante – pelo menos até hoje – a liderança do segundo turno ao campeão do primeiro.

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