Aquele gol de Pablo parecia ter amenizado a situação difícil do Atlético. Afinal de contas, àquela altura do jogo, mesmo a vitória apertada por 3 a 2 daria mais gás para o confronto de volta, na semana que vem, nas cercanias de Assunção.
Mas o Capiatá tinha mais alguns segredinhos pra mostrar. Além da cera, do jogo de nervos, tão comum ao espírito de Libertadores. Uma cobrança de escanteio com a bola irregular (fora do quarto de círculo), veio a cabeçada no primeiro pau e a tortura dos rubro-negros se intensificou.
O Atlético não foi bem, vamos reconhecer. Falta estrutura ao meio de campo, falta o articulador das jogadas, falta cobertura ao lateral-esquerdo, Sidcley, que ataca muito bem e não é lá essas coisas na marcação. Chegou a ser vaiado pela torcida, mas o problema não é dele e sim de quem teria de cobri-lo.
Agora precisa vencer no Paraguai, na semana que vem. Logo o Atlético, que tem péssimo retrospecto fora de casa nos últimos tempos.
Difícil, muito difícil. Mas nada impede sonhar.
O camisa 10
Comentei en passant no balanço da rodada do fim de semana, após o técnico Paulo César Carpegiani lamentar a ausência de um camisa 10 no time do Coritiba. Escrevi na ocasião – e reitero agora – que, nas circunstâncias do futebol de hoje, com poucos recursos, não é o time que tem de se adaptar às concepções táticas do treinador e sim este às características do material humano que lhe é entregue.
O próprio Carpegiani já admitiu a necessidade de mudar o padrão para o Atletiba de domingo e para as partidas subsequentes, pois os jogadores testados para a função que desejava - Ruy, Thiago Real e Yan Sasse – não responderam de acordo com o pensamento e a expectativa do treinador. Estão fora, portanto, de novas conjecturas.
O Camisa 10 tal qual a teoria concebe está praticamente extinto no futebol brasileiro. Padrão Gerson, Rivelino, Pita, Ailton Lira e outros assim, armadores de lançamentos e passes longos. Até meses atrás o próprio Coritiba contava com um dos mais brilhantes remanescentes, Alex, jogador completo, que tanto armava quanto se apresentava na área para arrematar.
Quem resta hoje? Paulo Henrique Ganso, encostado no Sevilla? Meia clássico, inteligente, mas que não se enquadra da agilidade que o futebol moderno exige. Em atividade no Brasil há dois: Lucas Lima, no Santos, e Douglas, no Grêmio. E este, infelizmente, afastado temporariamente, por conta de uma lesão grave.
Dos três experimentados pelo técnico coxa, Ruy parecia ser o mais próximo do modelo tradicional. Canhoto, bom passe longo, foi assim nos tempos de Operário, na vitoriosa conquista de dois anos atrás. Mas atuava de maneira diferente, mais aberto pela direita, fechando para o meio para levantar na área ou mesmo chutar a gol. No Coritiba, pelo que me lembro, jamais lhe foi incumbida tal função.
Agora resta a expectativa de saber qual solução será encaminhada por Carpegiani, que certamente terá de aproximar seus jogadores de frente, para valorizar a troca de passes em direção à grande área contrária.
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