Um show
Belo espetáculo, casa cheia no Estádio do Café e um clássico sem vencedor. Mas com gols, que é como a torcida gosta. Londrina e Maringá fizeram uma partida muito equilibrada, deixando completamente em aberto a decisão para o retorno de domingo que vem, desta vez em Maringá.
Foi um jogo pegado, com um ligeiro predomínio dos anfitriões por alguns momentos, mas com muita dificuldade para chegar até a linha de área dos visitantes. E, por isso, o Clássico do Café, revigorado, fechou com o resultado igual.
Até mesmo para aumentar a dose de emoção para a partida decisiva que virá pela frente, com o anúncio de todos os ingressos já vendidos uma semana antes da data do jogo.
Mas o legado maior dessa decisão interiorana vem de fora do campo. Independentemente de quem for o campeão estadual da temporada, Londrina e Maringá resgataram o orgulho pelo futebol local e deixaram de ser reféns dos distantes clubes paulistas, até poucos dias atrás presentes em todos os assuntos esportivos da região e no visual das camisas a desfilar pelas ruas das duas cidades.
Hoje, o londrinense veste com orgulho (alguns pela primeira vez) a camisa do Tubarão, como já ocorreu em décadas passadas, quando o time chegou a disputar de ponta o campeonato brasileiro da primeira divisão. Já pude sentir esse orgulho incontido espalhado por aí, como na fila do Gastronomix (o evento gastronômico do fim de semana em Curitiba) e no aeroporto Afonso Pena, onde haviam londrinenses fardados com a camisa do time, "rumo ao título paranaense", conforme faziam questão de enfatizar.
O mesmo se dá com o maringaense, que quase havia desistido do futebol, encantando pelas estrelas do vôlei a lotar as jornadas em seu ginásio de esportes. Comemorou discretamente a conquista da segunda divisão pelo tal de Grêmio Metropolitano, recebeu com reservas sua transformação para Maringá Futebol Clube (sempre mantendo o alvinegro tradicional da cidade, embora agora com um toquezinho de verde), mas já se entusiasmou a partir do jogo de estreia na primeira divisão, quando bateu o time alternativo do Coritiba e lotou o estádio Willie Davids. Começava ali uma empatia que a boa campanha tratava de fortalecer no decorrer da competição. E hoje, pelo que sei, Maringá também se veste, vaidosa, com as cores de seu novo rebento, que devolve à cidade o interesse pelo futebol local.
A festa de ontem, nas arquibancadas do Estádio do Café, terá seu desfecho domingo que vem, na Cidade Canção. E o título, seja de quem for, será apenas um atributo a mais nesse importante resgate de identidade por que passaram Londrina e Maringá nos últimos dias.
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