Domingão, se não chover torrencialmente, estarei me divertindo na grande reunião anual eqüestre de Curitiba, o 64.º Grande Prêmio Paraná. O evento, dividido em 12 páreos, é de graça e ao ar livre (dá até para levar a criançada) e deve ser o grande barato esportivo do fim de semana.

CARREGANDO :)

Eu, que nunca fui ao Jockey Club para ver os bichinhos correrem, resolvi adentrar no mundo turfístico. Para me ajudar na tarefa, arrumei um conhecedor, o poeta e cantor de rock Irineu Almeidassauro. É Irineu porque o pai quis colocar-lhe o nome do maior jóquei de todos tempos, um argentino chamado Irineo Leguisamo. Ele mesmo, o Irineu filho do jóquei das antigas, o Ivo Nogueira.

Após muitas aventuras e desventuras, o intrépido informante chega resfolegante ao local do nosso encontro, disse afobado que falou com o Mauri Santos (que para o meu desconhecimento era o vencedor com o "grande Riads" do GP Paraná mais emocionante da história, contra Big Lark em 78), que entregou de cara o que todo mundo já sabia (menos eu) para o páreo principal, o tradicional Grande Prêmio Paraná. Foi solene: "Será corrido por volta das 18h45min e contará 16 animais correndo a distancia de 2400m. Forty Bird é o favorito". Completou enigmático: "mas Emerald Gun pode aparecer bem". Sinto que Irineu não que abrir mais o bico.

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"Turfe é um esporte em extinção, mas que nunca vai acabar", disse lúcido, entre risadas, o adepto das reuniões eqüestres Elídio Pierre Gusso, o mais antigo treinador de cavalos em atividade, com 95 anos.

"Apesar do público fiel cada vez mais escasso, ver os cavalinhos tem o seu charme."

Com Almeidão 70 quase refeito da correria, tento argüi-lo mais atentamente e ele apavorou com estes comentários : "Antes há outro clássico, a milha (1.600 m) Troféu Governador do Estado, corrida para especialistas da distância. Vou seco no Robocop! Robocop... hahaha... e para os 1400m , na corrida do Prefeito Perfeito, vou de Dom Dot e Lorde Dominguinhos..." e num transe hipotético começou a citar os grandes do turfe do Paraná. " Virgílio Pinheiro Filho, Luís Rigoni, que até tango tinha em sua homenagem, Omário Reichel, Antonio Bolino, Pierre P. Vaz e Albenzio Barroso! Essa é a história, entende, Rodrigão!"

Senti que Irineu agora era o cavalo e que algum fantasma de um antigo fã do turfe o havia possuído. "Putz Grilo!!!", gritava alucinado, "e nos setecentos metros, Putz Grilo! Putz Grilo!!!", e se mandou num avião para o Rio de Janeiro (e isso é verdade). Escrevi essa crônica com a sensação de que vou ganhar uma boa grana no domingo.