Olá pessoal, estou muito feliz com minha volta à Gazeta do Povo, mas recomeço com uma missão árdua. Afinal, vou reestrear como regra três do grande e ponderado Dr. Tostão das Alterosas. Meu sexto sentido me avisou que o melhor seria evitar o futebol, evitando o fantasma do craque e titular dessa coluna. Resolvi então, nas próximas quatro edições, falar de esportes muito populares em outros lugares desse mundão véio sem porteira, mas sem muita tradição por aqui.
Resolvi pedir a ajuda dos amigos e o primeiro que apareceu com uma boa ideia foi o poeta Thadeu Woiciechowski, também conhecido como o Polaco da Barreirinha. O Vate Bigodudo, fã de carteirinha do velho Akira Kurosawa foi taxativo: "Escreva sobre o sumô", vaticinou. Pois então, aí vai:
O poeta japonês Nabuto Almada, morto em 2007, era um aficionado do sumô. Em sua curta obra escreveu sobre a milenar luta de competição japonesa, e durante a infância e juventude assistia fascinado aos embates no Ginásio Nacional de Sumô, na cidade de Ryogoku.
O esporte em si tem regras muito simples. Dois atletas, num ringue circular de chão de barro e palha de arroz, o dojô, e o primeiro a tocar o chão com qualquer parte do corpo exceto os pés ou pisar fora do ringue perde a luta. Perde também quem aplicar algum golpe baixo ou proibido.
Um esporte refinado e para pessoas e juízes atentos, pois, no sumô, as lutas são muito rápidas e emocionantes, algumas decididas já no primeiro golpe. As mais demoradas dificilmente chegam a 15 segundos, embora exista relatos de lutas com duração de quase 1 minuto.
Para demonstrar que a luta é feita de "mãos limpas", o lutador usa apenas uma faixa de tecido grosso que é enrolado em volta da cintura do lutador e serve tanto para proteger as partes íntimas quanto para ser agarrada para efetuar golpes. Chama-se mawashi, a tal tanga. No sumô não existem categorias, havendo somente restrição de altura. Reza a lenda que um famoso lutador só conseguiu ingressar no sumô porque na época em que lhe foi medida a altura, usava um enorme topete que deu-lhe os centímetros que faltavam.
Mais que uma luta de gordões de tanga, o sumô é um esporte profissional que envolve muita grana e seus lutadores são verdadeiros ídolos para os japoneses. Alguns fazem sucesso mesmo depois de se aposentarem. Um exemplo é o lutador Konishiki, um havaiano carismático que acabou virando um famoso apresentador de programa infantil e garoto-propaganda de comerciais de tevê. Fiquei imaginando uma Xuxa japonesa gorda, bem humorada e de tanga hummm estranho.
Mas o sumô, apesar do embate entre gigantes, é uma luta não violenta onde ninguém sai sangrando e a técnica e a astúcia dos lutadores costuma vencer a força física, coisa que nos tempos de MMA parece coisa para grandes e gordos poetas do esporte.
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