Quem diria que a França, aquela França que não conseguia fazer gols no começo dessa copa iria desfazer o sonho do hexa da seleção brasileira com uma vitória incontestável? A mesma França que, com dificuldades, passou da primeira fase e que vem jogando mal há mais de quatro anos, faria uma partida como a que fez contra o Brasil, não deixando sequer que finalizássemos a gol? Quem, em sã consciência diria que o quase aposentado Zinedine Zidane jogasse o que jogou, dando chapeuzinho em Ronaldo, muitos comes em meio time brasileiro e ainda por cima dando o seu primeiro passe para um gol de Thierry Henry ? E que gol...
Quem diria que o Brasil jogaria tão mal, justamente quando o Parreira escala o time que todos queriam, com Juninho Pernambucano no meio-campo e com o Ronaldinho Gaúcho (acho que ele perdeu o avião em Barcelona e mandou um sósia com um futebol chinfrim) mais a frente, jogando aonde joga no Barcelona? O mesmo Brasil que contando com um ataque com jogadores do porte do Fenômeno, do Gaúcho, do Kaká , do Adriano e do Robinho teria em sua dupla de zaga, Juan e Lúcio os melhores brasileiros da copa?
Nós, os brasileiros, e incluo aí até o mais pessimista entre nós, tínhamos a certeza que nossos craques, mesmo sem treinar ou jogar bem, resolveriam todos os problemas táticos com uma jogada de gênio, que viria fácil, como se o futebol fosse um dom que nos levaria sempre ao triunfo (que teima em nos escapar em muitos outros campos da existência terrena) redentor e vencer mais uma vez a Copa do Mundo, com a facilidade de quem chupa um Chicabon. E o Brasilzão ficou lá, curtindo os treinos lotados com muitos tchauzinhos, malabarismos e ganhando confiança com uns jogos babas, talvez se esquecendo que foco e concentração são partes importantes desse jogo que além de físico, tático, técnico e mental, é regido sobretudo pelos irmãos Imponderável e Sobrenatural de Almeida.
Futebol, o único esporte coletivo em que, quem vence nas estatísticas não é necessariamente o vencedor do jogo. E Copa do Mundo é assim, tem que ter sorte e competência. Bobeou, dançou.
Estranhas figuras essas, os irmãos brothers Imponderável e Sobrenatural de Almeida, dois dos deuses malucos do futebol, que riem às gargalhadas da empáfia brasileira, do time, da imprensa, da torcida e deste que vos fala.
Portugal desde criancinha
Agora sou Portugal desde criancinha. Nem é pelo Felipão, mas sim pelos meus sobrinhos portugueses, Francisco e Juliana, pelos pasteizinhos de Belém, pela Amália Rodrigues, pelos Sitiados e pelo Fernando Pessoa.
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