Muitos pilotos já levantaram a bandeira nacional após uma vitória, mas é claro que o gesto foi eternizado por Ayrton Senna. Em suma: ele era o "Brasil que dava certo" numa época em que as páginas de política e economia só traziam péssimas notícias. Por isso, o ato de Alonso erguer a bandeira espanhola após sua triunfal vitória ontem em Barcelona tem, para sua torcida, um significado tão especial como quando Senna fazia isso 20 anos atrás. O país europeu está mergulhado em profunda crise econômica e o desemprego atinge níveis recordes a cada mês.
Nas pistas, porém, a Espanha tem hoje o melhor piloto. E a torcida sabe disso. Assim como no Brasil de duas décadas atrás, o espanhol não é fã especificamente de F-1, mas sim de Alonso. Estive em fevereiro nos testes de Jerez de la Frontera e era nítido que, embora fosse a primeira oportunidade de ver os carros de perto (e pagando apenas 30 reais por um ingresso de arquibancada), havia muitos lugares vazios no circuito. Motivo: Alonso não iria participar dos treinos daquela semana.
Em 2001, quando cobri pela primeira vez uma corrida de F-1 em Barcelona, vivenciei um "boom" na torcida espanhola. Mas era para Pedro de la Rosa, que naquela corrida entrava na Jaguar no lugar de Luciano Burti, que fora para a Prost. Obviamente a torcida teve que esperar outro ídolo. E Alonso, naquele ano fazendo sua corrida pela pequena Minardi, encararia este papel anos mais tarde.
Além do espanhol, a Ferrari também teve Felipe Massa em tarde inspirada. O brasileiro disputou o lugar no pódio com ninguém menos que Sebastian Vettel e conseguiu mostrar ritmo bom também na corrida. É importante que ele siga neste ritmo em Mônaco, onde a Red Bull deve andar melhor. Quanto à disputa pelo título, cada GP mostra uma equipe de ponta lidando melhor com os pneus Pirelli: Lotus uma vez, Red Bull em outras, agora Ferrari. Só um fator não muda, e daí vem o favoritismo: Alonso segue em sua melhor fase, como seus súditos na Espanha tiveram o privilégio de ver de camarote.
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