Uma de minhas lembranças da cobertura do GP de Mônaco de 2007 foi a entrevista que fiz no paddock de Monte Carlo com o então estreante que vinha encantando a F-1: Lewis Hamilton. No ano anterior, entrevistei o inglês, que disputava o título da GP2 com Nelsinho Piquet em 2006. Era fácil ter uma "exclusiva" com Hamilton na época: era só aparecer no motorhome da categoria e puxar a conversa (ele não vivia cercado de assessores). Na F-1, mesmo no primeiro ano, já era diferente.
Tanto na conversa na GP2 quanto na de Mônaco, Hamilton se empolgava na hora de falar de Ayrton Senna. Uma admiração conhecida por aqui, mas na época ainda pouco divulgada. Sete anos se passaram desta entrevista, e agora ele cita seu ídolo ao assumir de vez a guerra psicológica com seu companheiro de equipe, dizendo que vai lidar com Rosberg assim como o brasileiro fez com Prost.
Aqui neste mesmo espaço já escrevi sobre a semelhança desta temporada com o ano de domínio total da McLaren em 1988, mas MOnaco-2014 marca o estopim da crise, iniciada com a desconfiança sobre o erro de Rosberg no treino classificatório, que provocou a bandeira amarela e impediu Hamilton de tentar a pole. Pode haver algo intencional? É difícil julgar. Não pela índole do piloto alemão, sempre bastante correto. Mas justamente por se tratar do ambiente da F-1, onde a competição em nível altíssimo é capaz de provocar o mais nobre dos esportistas (basta ver algumas atitudes de grandes campeões como Alonso, Schumacher, Prost, Senna etc).
Polêmicas à parte, Rosberg fez uma prova impecável em Mônaco, onde fizeram provas dignas de menção Daniel Ricciardo, Felipe Massa e Jules Bianchi. O alemão quebrou a sequência de quatro vitórias de Hamilton e, se a guerra foi declarada, ele venceu justamente uma das batalhas mais importantes. Hamilton tem tudo para reagir: é mais veloz que Rosberg e tem no Canadá um retrospecto de grandes vitórias (incluindo a primeira, em 2007). O problema é que, se para seu ídolo, Senna, a guerra interna com Prost o tornou um piloto mentalmente mais forte, este é hoje justamente o ponto mais fraco do inglês.
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