No sábado, escrevi sobre um possível quinto vencedor na quinta etapa do ano. Até ponderei: seria pedir muito? Afinal, o ano já anda tão equilibrado que, em uma pista onde as grandes costumam dominar, talvez fosse muito otimismo contar com essa incrível sequência de vitoriosos diferentes. Eis que o GP da Espanha não só consagra um quinto vencedor diferente, mas também uma equipe de tradição que vinha de longo jejum sem vitórias, a Williams. Mais: com um piloto vencendo pela primeira vez (Pastor Maldonado), de um país até pouco tempo atrás sem grande expressão na F1, a Venezuela.
Que momento vive a F1! Certamente 2012 será lembrado por muito tempo como o ano em que a categoria viveu um momento inédito de imprevisibilidade e emoção esperamos que não correlacionado com o fim dos tempos e todo papo de calendário maia, é claro!
Maldonado é daqueles pilotos que muita gente adora tirar um barato a cada exagerada em treino e em corrida. Entrou na F1 graças ao forte patrocínio da petrolífera venezuelana, a PDVSA. Mas isso não é demérito: aliás, só evidencia que hoje, além de ter um grande apoio de empresa, é preciso ser muito talentoso. Afinal, esses pilotos já passam por uma grande peneira justamente para serem levados até a F1: ou você acha que a McLaren "encontrou" Hamilton "por pura sorte" e a Red Bull também só investiu em Sebastian Vettel até hoje?
Citando dois grandes campeões mundiais da atualidade, fica nítido que o apoio de grandes empresas para chegar lá, além de não desmerecer em nada o talento do piloto, é uma condição fundamental para o sucesso. E que o exemplo venezuelano inspire os patrocinadores no Brasil que desejam ver a sequência de grandes campeões de nosso país nas pistas mundiais...
Lembro que a primeira pessoa que me chamou atenção para o talento de Pastor Maldonado nas categorias de base foi um brasileiro: o tetracampeão da Stock Car, Paulo Gomes. Em 2003, estava escrevendo sobre a trajetória de seu filho, Marcos Gomes, na Fórmula Renault na Itália, onde os duelos de Marquinhos (recém-saído da categoria brasileira e indo na Europa, rumo à F1) com o venezuelano dominavam as corridas do torneio de inverno. "Este Pastor é bom e tem grande apoio de patrocinadores: vai chegar lá!", cravou Paulão, nove anos atrás. O veterano sabe das coisas. Ainda assim, a vitória de Maldonado é surpreendente, porque, mesmo largando na pole, se esperava um ritmo muito mais forte dos carros da Lotus GP, de Raikkonen e Grosjean. Fora a imensa pressão de Alonso, correndo em casa.
O que mais esta F1 de 2012 pode trazer de surpresas? Ainda bem que no próximo GP, em Mônaco, os treinos livres são disputados na quinta-feira: um dia a menos de ansiedade para voltar a ver esse campeonato incrível em ação!
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