Os atletas profissionais de futebol parecem despertar de um sono secular. Nesta semana acenaram com a formação de um movimento, composto por quase uma centena deles, com o objetivo de exigir mudanças no calendário do futebol brasileiro na CBF. Nomes como Alex (Coritiba), Paulo Baier (Atlético), Rogério Ceni (São Paulo), Paulo André (Corinthians), Dida (Grêmio), Elias (Flamengo), estão entre os manifestantes.

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A realização da Copa do Mundo no próximo ano fez com que a CBF alterasse o calendário de 2014, antecipando o início das competições regionais para o dia 12 de janeiro. Como o Brasileirão de 2013 acaba no dia 8 de dezembro, os atletas dos clubes da Série A somente retornarão aos trabalhos no dia 7 de janeiro, ou seja: terão apenas cinco dias como preparação para a primeira competição oficial do ano.

Os atletas, descontentes, prometem lutar contra o modelo atual. Entre as reivin­­dicações está a diminuição do número de jogos no ano, o respeito por um período adequado para a pré-temporada, e limite máximo de sete partidas por mês. Caberia aos profissionais das áreas de preparação física, fisiologia e fisioterapia também aderirem à causa, já que as numerosas lesões que ocorrem devido à minguada preparação ou ao excesso de jogos geralmente recaem sobre eles.

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Tenho debatido este assunto há anos e não conseguia entender a omissão dos atletas na questão. Carreiras são abreviadas ou interrompidas devido aos problemas acima descritos e nenhum jogador parecia se importar com isso. É injustificável que se continue a elaborar o calendário do futebol somente se levando em conta interesses comerciais. O futebol é negócio, sim, mas antes disso é esporte. E, como esporte, depende de treinamento e preparação.

Especialistas apontam como ideal um mínimo de 30 dias para a pré-temporada. E rodadas intermediárias uma semana sim, outra não. Isso representa aproximadamente 60 datas por ano. Com essas informações, parece fácil se chegar a um consenso.

Com 30 dias de férias e 30 dias reservados para a pré-temporada, as competições oficiais iniciariam na segunda semana de fevereiro e iriam até a primeira semana de dezembro, de cada ano. Nesse período poderiam ser utilizadas 60 datas. Com isso, caberia a CBF, clubes e interessados adaptarem essa quantidade de jogos aos campeonatos existentes.

Essa medida proporcionaria uma melhora técnica nos jogos, espetáculos mais atraentes, e consequentemente maiores públicos e mais receitas. De nada adianta termos dezenas de competições, com jogos em excesso, se a qualidade continuar sofrível, os artistas extenuados e o público insatisfeito.