O filme de terror (ou seria drama?) em que se transformou a história recente do Paraná Clube é de fazer tremer qualquer torcedor mais consciente. As atuações de deixar o público de cabelo em pé e boca aberta de incredulidade – espetáculo bizarro repetido por todo o primeiro turno na Vila Capanema e com flashes no segundo – são parte de um enredo longo e cujo final apresenta um suspense digno do mestre Alfred Hitchcock.

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Antes mesmo do jogo que lançou a pá de cal sobre o Tricolor, a torcida paranista já vinha sendo obrigada a engolir dos rivais, a cada derrota nos clássicos, os gritos de "Ah! O Paraná vai acabar". Pura provocação. Piada; não profecia. O caminho do clube, porém, é horripilante. A julgar pela forma como vem sendo comandado, ele pode, sim, virar uma espécie de morto-vivo, um zumbi do futebol.

A transformação – como naqueles filmes B em que o sujeito é mordido por um cadáver ambulante faminto – começou. A Gralha Azul já não mete medo nos oponentes de menor prestígio. O respeito pela camisa vermelha e azul se tornou coisa do passado.

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Se não passar por uma revolução de mentalidade e gerenciamento, como fizeram Atlético (com Petraglia, em 1995) e Coritiba (com Vilson Ribeiro, depois do rebaixamento em 2009), o Tricolor deixará de vez de ser importante para o futebol nacional. Será aquele que poderia ter sido, aquele que quase foi. Não vai acabar (leia-se deixar de entrar em campo), só que não vai passar de mero figurante, mais um na multidão.

Infelizmente, o cenário é desalentador. Não se vê renovação diretiva, nem apoio de torcedores que possam contribuir com dinheiro ou, principalmente, ideias novas. Hoje, pior do que a qualidade técnica questionável dos jogadores é o desencontro administrativo. Quando muito, as diretorias que se sucedem na Vila Capanema têm boa vontade. O competitivo mundo da bola exige mais.

Injustiçado na divisão das cotas de televisão desde que figurava na divisão de elite do Brasileiro, ao contrário da dupla Atletiba, o Paraná é obrigado a ser criativo, a errar o mínimo e a procurar verba em outros cofrinhos. Teve êxito durante um tempo. Agora, sem sucesso nesses três desafios particulares, não acha o paraquedas para tirá-lo da queda livre. E o solo está cada vez mais perto.

A torcida é um capítulo à parte. Desamparada, vinha sumindo aos poucos do estádio – como em longas do tipo Sexta-feira 13, nos quais integrantes de um grupo de amigos vão sendo dizimados aos poucos por um vilão mascarado –, mas encarou a queda com dignidade, sem destruir o mundo ou descontar em inocentes.

O rebaixamento trouxe lágrimas de tristeza; vergonha, não. Essa fica para quem, ao contratar mal ou ao jogar mal, manchou uma história vitoriosa. Isso não isenta os apaixonados pelo clube da responsabilidade por reerguê-lo. Uma lição que o Coritiba ensinou muito bem ao Brasil.

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