As atenções sobre o futuro da CBF não devem estar focadas no presidente interino José Maria Marín. O ex-governador paulista, correligionário de Paulo Maluf (me digas com quem andas e te direi quem és...), assume por ser o vice-presidente mais idoso, conforme estabelece o regulamento da Confederação. Jura de pé juntos que vai cumprir o mandado de Ricardo Teixeira até o fim, em 2015. Difícil acreditar.
Teixeira renunciou à presidência da CBF e do Comitê Organizador da Copa (COL), mas não do poder. Sedimentou muito bem sua retirada do comando justamente para não deixar o comando.
Pressionado pelo governo federal (que sob o comando da presidente Dilma Roussef não é maleável às artimanhas do dirigente como no mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva), pressionado pela Fifa (que ameaça eclodir a caixa-preta do escândalo da ISL) e pressionado pela própria saúde (que cobra do organismo o preço de uma inflamação do intestino), Teixeira preferiu se resguardar. Mas as peças já estavam escolhidas e distribuídas bem antes do afastamento.
A aproximação do presidente da CBF com o ex-presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, a partir da Copa de 2010, não foi à toa. Primeiro, Sanchez se tornou chefe da delegação no Mundial da África do Sul. Depois, o Itaquerão, estádio corintiano que está sendo erguido na zona leste de São Paulo, tornou-se a casa paulista da Copa 2014, em detrimento do Morumbi. No começo do ano passado, Sanchez foi a principal força que minou a voz dissonante do Clube dos 13. Por fim, no final do ano passado, Sanchez virou não só diretor de seleções da CBF, mas o homem de confiança de Teixeira na Confederação.
Na organização do Mundial, a mão amiga do ex-presidente é uma moça chamada Joana Havelange. No currículo, a diretora-executiva do COL, que não tem nenhuma experiência em gestão esportiva, leva os pré-requisitos de ser filha do próprio Teixeira e, conforme revela o sobrenome famoso, neta do ex-presidente da Fifa João Havelange.
Com essa dupla se movimentando livremente na gestão da CBF e do COL, é difícil acreditar que a tão propalada revolução no futebol brasileiro esteja mesmo por vir.
Mano
Enquanto Andrés Sanchez e Joana Havelange não têm muito com o que esquentar, a renúncia de Teixeira fez com que a batata de Mano Menezes assasse. Antes, a pressão no treinador era apenas técnica, diante dos fracos retrospectos da seleção sob seu comando. Agora, sem o aval de Teixeira e com a administração da Confederação também sob pressão, não conquistar o ouro na Olímpiada de Londres será a certeza da demissão.
E como alguns técnicos só não aceitaram assumir a seleção anteriormente justamente pela presença de Teixeira, talvez o caminho de sucessão no comando da Amarelinha fique ainda mais fácil depois dos Jogos.