Quando um time tem carências técnicas, a solução é treino. Mas quando a situação é de ordem emocional, o que fazer? Essa é a questão com a qual o técnico da seleção feminina de vôlei, José Roberto Guimarães, convive há nove anos.
Depois de tanto tempo sem ter uma resposta, técnico e time têm pressa para resolver a instabilidade emocional que desemboca no desequilíbrio técnico da equipe. A seleção atual é campeã olímpica, mas ainda não tem vaga para os Jogos de Londres. E sobram problemas a resolver.
Amanhã o Brasil estreia, contra o Uruguai, no Pré-Olímpico Continental, em que só o primeiro lugar soluciona a questão mais urgente: classificar o time para Olimpíada.
Na teoria, o conjunto nacional é o time mais forte entre os sete países na disputa, mas ainda é um grupo que precisa de consistência. A começar pela indefinição da levantadora. Depois que Fernanda Venturini e Fofão deixaram o time, não houve quem respondesse à altura na função.
Dani Lins é uma boa jogadora, mas não o suficiente para fazer as atacantes manterem a confiança quando uma partida está desfavorável ao Brasil. Fabíola fez uma ótima temporada pelo Sollys/Osasco, mas ainda não convenceu Zé Roberto, que surpreendeu e convocou Fernandinha, que estava jogando no Azerbaijão, para testá-la.
A equipe tem o desfalque da ponteira Natália, destaque por sua força no ataque e versatilidade, que se recupera de uma cirurgia para tirar um tumor benigno na canela esquerda. Sem contar que veteranas como a ponteira Mari e a líbero Fabi estão longe da sua melhor fase.
A situação é ainda mais desconfortável porque não estava nas contas do treinador ter de chegar a apenas 80 dias da Olimpíada sem a classificação. Na época, contava-se que o time conseguiria uma das três vagas na Copa do Mundo. Instável em quadra e irreconhecível em alguns confrontos, as brasileiras ficaram em 5.º lugar.
No Pré-Olímpico, o Brasil tem a vantagem de jogar em casa em São Carlos (SP) e é a única seleção latino-americana no top 10 do ranking. Concorre com Uruguai, Colômbia, Argentina, Peru, Chile e Venezuela.
Ficando com o título, Zé Roberto ainda não estará tranquilo. Terá pouco tempo para preparar o time para Londres. Antes, disputa o Grand Prix: mais desgaste físico para as jogadoras, que já não tiveram férias, emendando o fim da temporada do ano passado com a disputa da Superliga nacional.
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