Não há uma cruzada contra o Atlético ou contra a Arena da Baixada na Copa do Mundo, ao contrário do que parecem alegar dirigentes e torcedores do clube, que torcem o nariz a cada indagação sobre os rumos da obra no Água Verde. Pelo contrário, fora aqueles indivíduos com interesses ocultos, ninguém com o mínimo bom senso se importa se os jogos do Mundial serão no Joaquim Américo, no Couto Pereira, no Pinheirão ou no Durival Britto. Isso se restringe a brincadeira, provocação (sadia, por favor) entre torcedores. O que se discute, com razão, é como estamos aproveitando um evento de tamanha magnitude.
Abrigar a Copa do Mundo é uma oportunidade para lucrar. Não apenas com o dinheiro que as partidas (três ou quatro em Curitiba, estima-se) movimentam, mas também em impulso para o turismo nacional e internacional, além de investimentos em infraestrutura. Essa chance única, porém, vai pelo ralo se os gastos públicos a imensa maioria não forem controlados. Desperdício e desvio de verba são os inimigos nessa preparação para subsede do torneio.
A preocupação com a aplicação de recursos transformou "transparência" em jargão número 1 da Copa 2014. Ao menos no discurso. Mas é justamente nesse ponto que surge a bronca na capital paranaense. Pedir informações sobre a Baixada virou um drama, parece uma afronta ao Atlético. Desde que o clube assumiu, em assembleia interna, a responsabilidade de erguer o estádio com forças próprias, as informações sobre a benfeitoria viraram segredo de estado.
Mario Celso Petraglia, autor do projeto atleticano, tornou-se o único verdadeiro porta-voz da comissão de conclusão da Baixada. Procurado pela imprensa esta Gazeta o interpelou pelo menos seis vezes nas últimas duas semanas , o ex-presidente do clube vem se recusando a falar sobre a obra. Não expõe as dificuldades enfrentadas, os planos de trabalho, os cronogramas estimados, nada. Silêncio total.
Seria perfeitamente admissível o sigilo caso se tratasse de uma operação puramente privada. Não é. Há participação dos governos municipal e estadual na empreitada. Não se trata de fazer um favor, o clube tem o dever de prestar contas ao poder público e à sociedade, mesmo que tenha poucas novidades a apresentar.
Cabe aí uma ressalva à atuação das autoridades. Se não há boa vontade do Atlético e de seus representantes em manter a cidade atualizada das ações no Joaquim Américo, seria dever da prefeitura e do estado exigir mais transparência na atuação do Rubro-Negro. Lamentavelmente, tem-se discursado muito e agido pouco em prol do interesse público. Às vezes, para fazer política é preciso (infelizmente) engrossar a conversa.
A obra da Arena começa oficialmente hoje às 10 horas. Ótima notícia para quem ama o futebol, atleticanos ou não. Melhor ainda se a data marcar também uma mudança de postura da comissão de Copa do Furacão. O inimigo, rubro-negros, é imaginário. Esta é uma partida para jogarmos juntos.
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