Shenyang, China - Ainda me lembro da semifinal entre Brasil e Nigéria, na Olimpíada de Atlanta, em 1996. Nós perdemos por 4 a 3, na prorrogação, dois gols do Kanu. Eu tinha 10, 11 anos e essa é, até hoje, a recordação mais forte que eu tenho de Jogos Olímpicos. E cada vez que ela me vem à cabeça, mais vontade eu tenho de conquistar esse título que falta ao futebol brasileiro aqui na China.
Esta semana foi de alívio. A Fifa confirmou a liberação dos atletas com menos de 23 anos para o torneio de futebol dos Jogos. Travei uma briga muito grande para conseguir a liberação do meu clube e fico feliz por a Fifa ter se posicionado ao lado dos jogadores. Mostra que fiz a coisa certa em me apresentar à seleção.
Essa determinação garantiu não só a minha participação na Olimpíada, como também a do Diego, que é meu companheiro de quarto. Nos conhecíamos apenas de jogar um contra o outro na Alemanha: eu pelo Schalke 04, ele pelo Werder Bremen. Agora estamos convivendo um pouco mais.
Ele também está superconcentrado na conquista da medalha, como todo o grupo aqui. Os treinos têm sido puxados e só sobra tempo para descansar.
Quando dá, ligo para casa, lá em Londrina. Não todo dia, pois o fuso horário atrapalha. Só de ouvir a voz da minha mãe, dona Odete, já dá um gás novo. E mãe é mãe. Ela pergunta da saúde, se eu estou feliz, comendo direitinho... Recarrega as baterias na hora!
Agora estamos em Shenyang, aonde chegamos no sábado, e faremos os dois primeiros jogos na Olimpíada, contra Bélgica e Nova Zelândia. Antes de vir para a China, fizemos dois amistosos, em Cingapura e no Vietnã. Impressionante o assédio e o carinho da torcida com a seleção brasileira. O Brasil nunca havia jogado lá, foi legal ver como o nosso futebol é admirado neste lado do planeta.
Adoram o Ronaldinho, de longe o mais assediado. Ele merece. É um dos melhores jogadores do mundo; na minha opinião, o melhor. É um prazer jogar com ele logo na minha primeira grande competição com a seleção. Ainda mais sendo um campeonato desse porte, uma Olimpíada, e a chance de fazer história ganhando o primeiro ouro do nosso país.
Como todas as seleções estão por aqui, o assédio é menor. A recepção calorosa é dividida por todos.
Quarta-feira tem jogo, será às 6 horas da manhã. Torçam por nós! E tenham certeza de que daremos o máximo por esse título inédito para o nosso país. Até semana que vem!