Nas eleições americanas de 1992, sempre que perguntado sobre o que importava no seu plano de governo e no debate, o então candidato Bill Clinton respondia: "É a economia, estúpido!". De lá para cá, passou a ser praticamente um lugar-comum dentro da política para indicar o porquê do sucesso ou do fracasso de um governo. Assim como no futebol.
Neste ano, os três clubes da capital enfrentam eleições. Mais que as finanças, o carro-chefe das discussões será o futebol. Foi assim que Mario Celso Petraglia fez Marcos Malucelli no Atlético: o atual presidente havia entrado na direção de futebol num momento conturbado e levou o clube à salvação esportiva no duro ano de 2008, em que quase caiu no Brasileirão. Ironicamente, isso poderá tirar o sucessor que Malucelli ungirá da presidência, no clube que tem o cenário mais borbulhante dos três.
O ano conturbado do futebol atleticano já fez crescer a oposição e a reunião da noite de ontem do Conselho Deliberativo mostrou como está a temperatura e a correlação de poderes na Baixada. O assunto ali é a Copa do Mundo, mas Petraglia pode se alavancar dentro do quadro eleitoral pelas lembranças do departamento de futebol de sua época como mandatário, a mais vitoriosa da história do Furacão (1 Série A, 1 Série B e 5 estaduais), mesmo tendo perdido a mão depois de 2005, ano do vice da Libertadores. "É o futebol, estúpido!", falará alguém em certo momento.
No Coritiba, os dois últimos anos foram tranquilos e devem garantir uma continuidade ao grupo atual no poder. A diretoria conseguiu montar uma base interessante e tem projeto de aos poucos enxertar jogadores das categorias de base no experiente grupo atual. Por enquanto, são contratados jogadores chancelados por uma observação criteriosa. A margem de erro foi reduzida e fez com que o ambiente do clube ficasse sereno, ainda mais com um bicampeonato estadual e uma final de Copa de Brasil.
O Paraná é uma incógnita. O sabor do ano tem sido agridoce. Tem amargura do rebaixamento no Estadual e doçura da boa campanha na Série B. O regimento paranista tem algo inteligente que é permitir apenas uma reeleição, dois mandatos. Isso obriga o clube a se renovar e é justamente este o desafio: encontrar líderes para que um projeto de recuperação siga em frente. E não será a situação financeira do Tricolor que irá decidir a eleição, será o futebol. Se o acesso vier, a atual diretoria tenderá a facilmente fazer seu sucessor. É assim que funciona: "É o futebol, estúpido!"
Põe na rede
Quando da contratação do Morro García, apareceram alguns vídeos na internet com gols do atacante pelo Nacional de Montevidéu. Alguns deles eram parecidos com os dois que o uruguaio fez contra o Botafogo, sábado.
No primeiro, ele mostrou capacidade de se posicionar entre os zagueiros e velocidade de raciocínio para cair batendo. No segundo, novamente bom posicionamento e uma dose de coragem para mergulhar de cara na bola na disputa com o goleiro. Tem tudo para ser o camisa 9 que Renato Gaúcho pediu, mesmo vestindo a 20.
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