Nenhum ator consegue encenar tanto como o jogador de futebol. Os boleiros são astros da comédia, drama, aventura e – algumas vezes – até se aventuram no romance. Em público, seja no campo ou nas entrevistas, invariavelmente interpretam um personagem. Como são bons nisso, normalmente ganham aplausos.

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A comemoração desabafo de Rafinha no domingo não merece um Oscar, mas foi uma curiosa manifestação teatral. Ao passar a mão na goela, semblante raivoso, o atacante do Coritiba deixou clara a mensagem de indignação. À plateia, mostrou que corre sangue pelas veias. Muito bonito, não fosse forçado.

"Estava entalado desde o primeiro turno", explicou o jogador, ao ser indagado sobre o festejo ameaçador. "Muito se falou que ganhamos roubado, mas provamos que o nosso time é forte", seguiu. O gesto então seria uma resposta ao Londrina e o choro contra a arbitragem no jogo decisivo do dia 3 de março, no Café. Uma atuação perfeita de rancor, acoplada em um discurso de hombridade. Era um torcedor festejando gol.

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Digamos que tenha sido sincero. Rafinha ficou então dez rodadas incomodado com o dito "roubo" naquele duelo. Duro de acreditar, sobretudo pela pouca demonstração de indignação com a bola rolando. Durante os 55 dias entre aquela final e o jogo do último domingo, a torcida ficou aborrecida com um time frio e despreocupado. Algum torcedor alviverde viu essa mesma gana na humilhante derrota para o sub-23 do Atlético ou nos bizarros empates com o Paranavaí e Nacional?

Mas a vida segue. A mensagem foi enviada ao vivo, rendeu notícia, foi pulverizada rapidamente por sites e redes sociais e deixou a torcida com a alma lavada. Há quem acredite no show. E assim o futebol vai vivendo de pequenas e inofensivas mentirinhas.

A próxima parece mais ensaiada. Os jogadores do Coritiba pretendem vencer o Atlético para se vingar da derrota na Vila Olímpica. Capaz até de afirmarem, em meio à possível volta olímpica, que escolheram o rival justamente para "dar o troco". Será o delírio máximo para os ingênuos. É possível até que o Atletiba fique na história como a ‘vingança programada de um time mordido pelo destino’. Incrível. Ótimo roteiro! Põe assim a rivalidade no palco e soca todos os tropeços do certame para debaixo do tapete. Só não pode esquecer que o PR-2013 é um filme B. No caso dos rubro-negros, para levar mentes férteis às alturas, um cinema mudo.

Paraná não descansa

Parece claro o cenário paranista nesta intertemporada. A diretoria precisa ir até o interior de São Paulo, contratar o técnico do Mogi Mirim, alguns jogadores do time-sensação do Paulistão. Se fizer isso, tem muita chance de subir, pois o time não é tão ruim assim. Parece alento aos tricolores, mas vale o registro: o clube só foi batido três vezes neste Estadual. Apenas o Coritiba perdeu menos.

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