O bate-boca do presidente Vilson Ribeiro de Andrade com torcedores do Coritiba na derrota para o Botafogo, domingo, no Couto Pereira, repercutiu mais do que o resultado em si, que deixou o Coxa na lanterna do Brasileirão. Vilson classificou de "imbecis" os integrantes de um grupo que teria insultado a esposa de um dos jogadores que assistia à partida no estádio.
Se foi este realmente o motivo da querela entre o dirigente e os torcedores, nada mais justo do que taxá-los exatamente dessa forma.
Há tempos o pessoal perdeu a mão na defesa de seus clubes. Sob a pretensa desculpa de que os profissionais do futebol sejam jogadores, técnicos, dirigentes, jornalistas ou árbitros merecem ser execrados à menor falha cometida, alguns torcedores vestem a carapuça de "justiceiros". Atacam, inclusive, quem nada tem a ver com a história.
Como no caso das supostas ofensas à esposa do jogador no Couto, que, segundo Vilson, teria o agravante de ter sido vítima desses trogloditas mesmo com uma criança no colo.
A irracionalidade é tamanha que, acredito, esses torcedores se esquecem de que eles mesmos, como qualquer ser humano, também são passíveis de erros. Essa gente não cumpre a premissa básica do bom senso: colocar-se no lugar do outro para evitar as injustiças.
Se para cada torcedor que errasse em sua atividade profissional houvesse um grupo de xiitas fervorosos e irracionais para xingá-lo na mesma intensidade pessoalmente, por e-mail e nas redes sociais (a grande vala em que os idiotas despejam suas "verdades") , talvez esses valentões de arquibancada se deem conta do barbarismo e da injustiça de suas atitudes.
Claro, não vou aqui tirar a graça do futebol, que é justamente o prazer de o torcedor exorcizar seus demônios gritando da arquibancada. Mas quando esse comportamento extrapola os limites do estádio ou atinge quem somente carrega a "culpa" de ser parente ou amigo de um dos envolvidos no espetáculo, não há outra alternativa a não ser a de realmente chamar os autores dessas agressões de imbecis.
Coragem
Será que esses mesmos "justiceiros" que insultam em bando uma mulher no estádio teriam tamanha coragem em cobrar na mesma intensidade os desmandos dos homens públicos? Será que algum desses machões se posicionaria, por exemplo, com o mesmo vigor diante das irregularidades da Polícia Civil divulgadas por esta Gazeta do Povo na série "Polícia Fora da Lei"? Tenho certeza de que a "coragem" desses torcedores não vai tão longe.
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