Em tempos de discussão sobre o futuro dos jornais, basicamente por causa do crescimento da internet e a produção de conteúdo gratuito aos leitores, o Atlético presta um razoável serviço à imprensa sem ironia.
Desde o início da gestão de Mario Celso Petraglia, o clube parece apostar no seu departamento de comunicação. Basta ver o site oficial rubro-negro. São notícias diárias sobre o time, com o deleite de áudio e vídeo em alguns casos.
A ideia, ninguém duvida, é transformar o canal virtual em uma ferramenta importante para o Furacão informar seu ávido público. Em um curto prazo, com otimismo, pode-se dizer que a página será até uma fonte de renda.
Nem mesmo o fato de a administração MCP transformar o veículo em um Pravda periódico russo que nos tempos de comunismo servia como órgão do poder soviético é atenuante para essa análise otimista sobre a ajuda imensurável trazida pelo atleticoparanaense.com.
A queda de braço entre o relato oficial, como indica ser o trabalho no Atlético, e o jornalismo sempre teve o mesmo vencedor. E olha que a batalha já foi travada com monarquias, ditadores, tiranos... Em todos os casos as limitações para trabalhar serviram de combustível à sagacidade.
E a comparação com o diário moscovita não é exagerada. Basicamente, a reportagem do clube tem o domínio das informações. Filtra os fatos e oferece o que lhe é conveniente sem compromisso editorial ou análise crítica. Alguém viu, por exemplo, a notícia sobre o atraso de Guerrón e Manoel na reapresentação do elenco?
Tem mais: sabe quem são os reforços de 2012? Quem será dispensado? Onde o clube vai jogar? É a doutrina do "eu sei o que você deve ler". Algo surpreendente na teoria da gestão Petraglia. Seus fãs, certa vez, fizeram uma cartilha citando ideias de Fernando Pessoa, Mahatma Ghandi, Goethe, George Orwell e Friedrich Nietzsche. Nada mais contraditório.
Desde o início da temporada, não houve uma abertura para as empresas tradicionais de mídia entrevistarem atletas e acompanharem os treinos. Porém, no espaço do Atlético, por exemplo, há alguns relatos do dia a dia dos atletas.
Em um deles, ainda só para ilustrar, conta-se que o técnico Carrasco fez um trabalho coletivo com bola. Basta acessar o registro para o espanto: nenhuma mísera linha sobre o esboço de time titular montando pelo treinador uruguaio.
Nota-se existir um trabalho sem independência, algo que não vai satisfazer plenamente seu público por maior ou, quem sabe, menos escolarizado que esse seja. E quem ganhará com isso? Justamente aqueles que o Atlético parece tratar como indesejáveis ou, por mais ridículo que possa parecer, adversários comerciais.
Sim, claro, haverá quem esbraveje: "É uma forma de combater a impressa corruptível, mentirosa, suja". O discurso generalista está pronto. Basta então fazer algo melhor. Você escolhe enquanto isso.
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