"Gol! Gol do Michael", ecoou pelo Estádio Couto Pereira o grito de uma senhora coxa-branca na tarde do último sábado. Michael não é nenhum reforço recém-contratado do Coritiba – que, aliás, nem jogou na cidade neste fim de semana. Muito menos atleta das categorias de base (o que se percebia facilmente diante da aparência próxima dos 30 anos do sujeito).

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Michael, cujo pai, um senhor de bigode com os óculos na ponta do nariz perguntava meio envergonhado "mas esse cara é mesmo o Michael?" enquanto era abraçado por outros parentes na hora do gol, nada mais é do que um dos cerca de 100 torcedores alviverdes que toparam participar da promoção Dia do Torcedor Coxa-branca, em que jogaram no Estádio Couto Pereira como se fossem atletas profissionais.

Apesar do preço alto cobrado pela empresa terceirizada que organiza as partidas – sócios pagaram R$ 590 e não sócios R$ 790 –, a ação é interessante. Aproxima o fã de toda a estrutura do clube da qual ele muito difi­­cilmente teria acesso. Lem­­brando que no valor estão incluídos uniforme oficial, custos de ambulância e de um preparador físico que comanda o aquecimento da partida, trio de arbitragem federado, além de fotos e DVD da partida, com di­­rei­­to à entrevista na sala de im­­prensa. Exatamente tudo que exis­­te numa partida real de futebol.

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Esta é só mais uma das ações do Coritiba de trazer o torcedor para dentro do clube, no que a equipe do Alto da Glória está muito à frente dos rivais. Além do Dia do Torcedor Coxa-branca, o Alviverde tem uma colônia de férias para crianças, em que os pequenos têm contato com jogadores, o café da manhã de sócios com o elenco e visitas ao memorial e ao museu alviverde.

Ações que, além de reforçarem o vínculo dos fãs com o time, também são fonte de renda. E não só diretamente, já que o menino que participa da colônia de férias tem tudo para, no futuro, tornar-se um torcedor ativo, do tipo que se associa e compra produtos oficiais. Isso fora o contato com a história do clube, com os ídolos.

As palavras de Krüger, que ao lado do ex-goleiro Jairo e do ex-atacante Pachequinho fizeram as preleções das partidas, eram de emocionar. "Quando eu fazia um gol aqui no Couto, o que eu mais queria era me jogar nos braços da massa, agradecer toda a torcida, todo o apoio de cada um de vocês. Hoje vocês têm a mesma oportunidade, de marcar um gol e comemorar com as famílias de vocês. Curtam este momento, porque eu, se pudesse, ainda estaria lá", relatou o ídolo.

Recado muito bem assimilado pelo Michael, que assim que marcou um gol tratou de correr para a arquibancada comemorar com a família. "E não é que é o Michael mesmo...", vibrava o pai, emocionado e vestido com a camisa alviverde.

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