Um levantamento publicado há alguns dias no site do Globo Esporte, baseado nas pré-listas de convocados para as trinta e duas seleções, mostrava que mais de cem jogadores poderiam vir a defender, nos novíssimos estádios brasileiros, uma camisa que não é a de seu país de nascimento. O número talvez tenha diminuído nas convocações finais, mas dá para afirmar com segurança que cerca de um em cada dez futebolistas profissionais que disputam esta Copa é naturalizado. Não mais do que cinco times têm no elenco apenas jogadores nascidos em seu território nacional o Brasil entre eles; todos os outros "contrataram" expatriados, ou seja, acolheram novos cidadãos pelo que são, por seus talentos, e não por direito nato (ou quem sabe divino...).
Ora, o mundo moderno é, por definição, um mundo de liberdade individual: não se casa mais com alguém escolhido de antemão pela família, nem se é obrigado a seguir a profissão do pai. Não seria, então, natural que se escolhesse também a que país se quer pertencer? Espero voltar a este tema delicado nos próximos domingos.
Por enquanto, anuncio que já tenho meu expatriado de coração, e é um dos cinco jogadores nascidos no Brasil que jogam esta Copa por outras seleções: o brasileiro-croata Eduardo da Silva. Já imaginaram o que foi para esse rapaz para ele e para seu duplamente compatriota Sammir, também brasileiro-croata (além de ex-jogador do nosso Atlético) entrar no Itaquerão lotado, numa abertura de Copa, e ver que trajava o branco e vermelho da Croácia, em vez do verde e amarelo do Brasil?
Entendo que, nesse tema, todas as atenções estejam voltadas não para Eduardo (ou Sammir), mas para o atacante Diego Costa, nascido no Brasil e naturalizado espanhol: Diego teve todos os holofotes sobre si na hora de decidir defender outra seleção porque, aparentemente, tinha chance de disputar a Copa pelo time brasileiro.
Já Eduardo da Silva, emigrado do subúrbio carioca antes de completar a maioridade para defender o distante Dínamo Zagreb, fez carreira discreta coerente, aliás, com o jogador de poucas palavras que é (ainda que, segundo consta, perfeitamente fluente em croata). E uma carreira em que superou o pior trauma possível: uma fratura exposta no campo de jogo, quando jogava pelo Arsenal da Inglaterra, em 2008.
A cereja do bolo: impressionante a semelhança física entre ele e Diego Costa, que parece seu irmão caçula e grandalhão. Separados no berço? Um croata e um espanhol? Só mesmo se tiver sido em berço esplêndido...
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