Um argentino devolveu o orgulho ao basquete brasileiro. Rubén Mag­­nano, técnico campeão olímpico pelos hermanos em 2004, ignorou a ausência dos tão exaltados jo­­gadores da NBA e montou uma equipe simples, unida e competitiva. Se não foi brilhante, a se­­leção que conquistou a vaga nos Jogos de Londres-2012, de­­pois de 16 anos de ausência em Olimpíadas, compensou as falhas com comprometimento. Foram guerreiros, sem dúvida.

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A ressurreição brasileira foi facilitada pela ausência dos Estados Unidos na competição das américas – o que não ocorreu em 1999, 2003 e 2007. Caso "eles" estivessem no páreo, sobraria apenas uma vaga para, pelo que se viu, Brasil ou Ar­­gen­­tina. A concorrência amenizada não diminui o mérito dos pupilos de Magnano. Afinal de contas, nas três edições anteriores do Pré-Olímpico local perdemos para Venezuela, Porto Rico, Canadá e até para o México. A seleção nacional te­­ve, desta vez, capacidade para aproveitar a grande chance de voltar à principal competição multiesportiva do planeta. E a desconfiança era grande.

Ninguém apostava as fichas em um grupo sem Nenê, Lean­­drinho e Varejão – da turma de brasucas da NBA, apenas Tiago Splitter vestiu a camisa em Mar del Plata. Os dois primeiros alegaram problemas particulares para não serem chamados e o pivô do Cleveland Cavaliers teve de ficar de fora por contusão. O certo é que Nenê (Denver Nuggets) e Leandrinho (Toronto Raptors) sempre deram prioridade à liga norte-americana em detrimento à seleção. Opção deles. E justa, pois é de lá que tiram seu sustento.

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Discute-se, agora, se os ausentes devem ser lembrados na convocação a Londres – onde provavelmente faremos papel de coadjuvantes. Muitos defendem que sejam limados da lista. Pura birra. Tec­­ni­­camente, ambos podem contribuir muito com a seleção, desde que haja real envolvimento com os objetivos do elenco. Cabe ao treinador avaliar, esquecendo as encrencas do passado e focando no futuro. Por enquanto, não mostraram motivos para serem convocados.

O atual desenho proposto por Magnano para a equipe verde-amarela não abre espaço a estrelas, tirando sua força da coletividade. Bem ao estilo de "Os Três Mosqueteiros": um por todos e todos por um. A ressurreição do basquete nacional é socialista ao extremo. Lá não tem essa de "jogador da NBA": todos são atletas brasileiros. E é só o que importa.

Essa é a vantagem de Vare­­jão, que tem nítido prazer em defender a pátria em quadra. Voluntarioso como poucos, sua falta foi sentida no Pré-Olím­­pico. Em termos de qualidade, talvez nem seja tão superior a seus concorrentes, mas a vibração que passa à equipe tem valor imensurável. Difi­­cilmen­­te ficará fora dos Jogos Olím­­picos. Uma pena que, para dar lugar a ele, alguém terá de sair. Tirar uma peça dessa engrenagem será ainda mais difícil do que encontrar outra para pôr no lugar.