Em sua entrevista mais recente para a TV CAP o presidente do Atlético, Mario Celso Petraglia, falou sobre o fechamento do clube para a imprensa durante os primeiros meses do ano. "Temos o nosso site, o verdadeiro, da voz oficial. Dizem que é chapa-branca, não vai contar coisas ruins. Gente, não existe lado podre", foi a declaração do dirigente, para depois mais uma vez atacar os meios de comunicação.

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Podre é uma palavra meio forte. Realmente não deve existir. Mas, como na maioria dos lugares, nas famílias, nas empresas, nas relações entre amigos, às vezes tem algo que não cheira bem. Em muitas ocasiões por erros humanos. Como no Barcelona, no Olaria, no Paraná e no Coritiba, no Atlético também há estes acontecimentos que a instituição gostaria que nunca fossem divulgados. A blindagem é a maneira mais radical de atingir esse objetivo.

Usar o discurso de que o site não é chapa branca é duvidar da inteligência do torcedor. Existe uma diferença fundamental entre o assessor de imprensa e o jornalista que trabalha na mídia. A diferença é para quem eles escrevem. O primeiro precisa agradar ao chefe e vender o cliente. O segundo escreve para o leitor.

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No caso do leitor torcedor de futebol, a situação é ainda mais complicada. Ninguém gosta de ver notícias ruins sobre o seu time. Se o jornalista esportivo quiser apenas agradar, vai acabar construindo uma realidade utópica. O lado bom e ruim de quase tudo o que existe é o que acaba formando a verdade a que o torcedor tem direito.

No caso específico do Atlético, o atraso nos pagamentos da reforma da Arena só foi admitido pelo clube, com as suas argumentadas justificativas, após a notícia publicada pela Gazeta do Povo. Será que o tema viria à tona sem a participação da imprensa? Há quem defenda que o certo é que ninguém soubesse disso mesmo. Daí para construir uma imagem de pura fantasia é um pulo.

Na última sexta-feira, em direção ao aeroporto para tentar entrevistar os jogadores do Atlético que iriam embarcar para a Espanha, questionei-me se valia a pena ir até lá. Já imaginava que ninguém falaria, mas tinha a obrigação de mais uma vez tentar. Jogadores são funcionários do clube, ganham muito bem para obedecer e não podem ser recriminados pelas ordens que recebem. Mas se eles pudessem responder, perguntaria apenas se preferiam colocar no currículo um título estadual ou do Marbella Cup.

Na sua entrevista, no furo de reportagem da TV CAP, Petraglia disse "claro que unanimidade não existe, claro que erramos. Agora, se botarmos os acertos e os erros na balança, é só fazer a conta". Sem o livre acesso de informação do torcedor, fica difícil chegar ao resultado dessa matemática.