Mário Celso Petraglia fazia questão de transmitir à torcida atleticana uma postura firme e segura sobre os passos do clube fora de campo. Passou para grande parte dos rubro-negros a certeza de que a instituição não seria mais passada para trás no jogo sujo da cartolagem. Era o cara do "soco na mesa" entre os tubarões da bola.

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Muito dessa retórica não passou de fantasia, mas a significativa inserção do Atlético nas discussões sobre o destino do esporte reforçou essa imagem desfocada: "Alguém que não baixa a cabeça, bate de frente com quem desafia os interesses do seu Furacão e é visionário."

Essa figura protecionista entrou a mil por hora na vida do Atlético nos últimos dias. Por quê? Justamente pelo momento de instabilidade que o meio administrativo do esporte atravessa. Ao perceber o desmantelamento do Clube dos 13, alguns atleticanos parecem sentir falta das ga­­rantias do petraglismo sobre o melhor rumo a ser tomado.

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O presidente Marcos Malucelli (certamente levando em conta as questões econômicas) tomou a decisão mais correta ao aderir à licitação pelos direitos de transmissão do Brasileiro. Qualquer confronto de cifras tende a gerar melhores frutos. O problema é outro. Usar a estratégia mais rentável custaria a perda dos melhores aliados: CBF, Corinthians, Fla­­mengo e Rede Globo. E isso, inevitavelmente, preocupa os leigos.

É aí que entra a saudade de ter um paizão ou um chefe jogo-duro. Com ele, os atleticanos não estariam preocupados com qual a melhor lógica ou ética. Nas mãos de um dirigente astuto, a certeza do "vamos nos dar bem".

Fora essa leitura paternalista, não é possível vislumbrar outro aspecto tão forte para as pesadas críticas à gestão Malucelli – como muro pichado, protestos na internet, conclamações, pedido de assembleia extraordinária, faixas... Tudo isso parece um pouco acima do tom.

Dentro de campo, o time vem de um 5.º lugar no Campeonato Brasileiro e a diretoria sinaliza pela busca incansável por contratações. Não empolgar no Para­­naense, perder o Atletiba, ter boleiros pisando na bola e tropeçar na Copa do Brasil são motivos apenas de grande tristeza e vaias. Todos esses episódios estão rigorosamente na cartilha que rege a "caixinha de surpresas". Não há cenário apocalíptico na Baixada.

Até novembro/dezembro, o pe­­ríodo eleitoral do Furacão, a guerra deve se intensificar. O terreno – com a gangorra no gerenciamento do futebol e uma equipe claudicante – é fértil para quem segura o estilingue. E, pelo jeito, vale mirar abai­­­xo da linha da cintura. Pés­­simo para o Atlético.

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O ideal seria os dois (com seus perfis complementares) do mesmo lado, assim como foi concebido no pleito de 2008. Agora, isso é tão improvável que só entrou nas últimas linhas do último parágrafo.