Há 16 meses estou vivendo entre breves caminhadas e me locomovendo de cadeiras de rodas. Resultado de oito cirurgias que resultaram na amputação de quatro dedos do meu pé esquerdo. E, para esta Copa do Mundo, me geraram experiências que cadeirantes permanentes vivem cotidianamente.
Vou assistir aos quatro jogos do Mundial em Curitiba. Na retirada dos ingressos tive muitos problemas porque não aceitaram meu certificado de cadeirante que a prefeitura me concedeu para estacionar em vagas para tal pela cidade. Exigiram um atestado médico e não adiantou argumentar.
Depois de alguma discussão e ter de levar o atestado, tive outro problema porque a Fifa não garantiu que eu teria vaga para cadeirante nos estacionamentos. No primeiro jogo, Nigéria x Irã, enfrentei outros vários entraves.
Para chegar ao estádio, o ônibus que me levou do início da zona de exclusão até o estádio me deixou a duas quadras da Arena. Para acessar o estádio tenho de usar as cadeiras da Fifa e, para chegar a elas, teria de andar essas duas quadras. Só consegui porque um patrocinador me levou em um carrinho. O estádio estava empoeirado, os acessos não muito bons e não havia banheiro para cadeirantes aberto.
Ontem vi uma grande evolução: fui recebido na descida do ônibus por voluntários com carrinhos a postos para me levar até a área de cadeira de rodas. A Arena também estava mais limpa, assim como os banheiros especiais.
João José Werzbitzki, publicitário, jornalista, escritor, em depoimento à repórter Adriana Brum
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