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O assunto é batido e pode nem interessar mais a alguns. São tantos incidentes que a violência no futebol já é tratada como inerente à existência de torcidas rivais. Não pode ser. Admitir que "é assim e pronto" só faz com que mais pessoas se afastem da paixão pelo jogo. O caso mais recente, a agressão ao repórter Bruno Abdala, da CBN, ocorreu pela atitude de um ser de 19 anos que covardemente o atacou pelas costas. Isso não é o pior. O apoio de outros torcedores a esse ato bárbaro – que se viu muito nas redes sociais – é ainda pior.

No mundo de hoje, século 21, a justiça já desenvolveu mecanismos para punir ou condenar terceiros sem precisarmos "sair no braço", como crianças irritadas, a cada divergência. Qualquer jornalista sabe que pode ser processado caso divulgue uma informação incorreta. Cabe a ele provar ao juiz que o trabalho foi feito de maneira correta, sempre podendo utilizar o direito de proteger a fonte.

Voltando ao caso lamentável do fim de semana, o repórter divulgou por uma rede social que a organizada Os Fanáticos recebia uma lista da diretoria do Atlético sobre quem deveria xingar. É verdade? Não sei. Mas como conheço o agredido há mais de seis anos, tenho certeza de que inventado não foi. No máximo, pode ter acreditado em uma informação inverídica. Mas se o profissional confia na fonte a ponto de se arriscar a ser processado, tem o dever de divulgar. E é um direito da parte que se sentir ofendida ir atrás dos seus direitos. Inadmissível é a ignorância física fazer parte desse pacote.

Brigas, agressão a jornalistas, atletas e patrimônio público. Cada vez que um delinquente age e uma pessoa comum se manifesta publicamente a favor disso, o futebol se afasta mais das famílias. Qual mãe vai querer se arriscar?

É preciso protestar. A cada ato de violência, a cada menção de aprovação a socos e pontapés, milhares precisam demonstrar sua contrariedade. Só assim estes valentões vão desaparecer ou ser punidos. O fim da brutalidade depende da atitude de cada um. Pode ser que mais uma vez um texto sobre violência no futebol não ajude a resolver o problema. Mas se pelo menos um dos caros leitores adquirir essa postura de se manifestar sempre contra qualquer ato de violência, seja no trabalho, na conversa com os amigos, familiares ou até mesmo nas agora perigosas redes sociais, já vai ter valido a pena.

Por fim, fica uma sugestão ao Sindicato dos Jornalistas: cobrem mais seguranças para os profissionais da imprensa esportiva. Comecem pela Federação e exijam que os donos dos estádios se responsabilizem. Lutem pela mudança das leis desportivas para que o clube seja punido em caso de acidente na sua praça, independentemente do reconhecimento do agressor. Se isso não der certo, dá para fazer uma camisa de protesto com os dizeres "sou repórter e exijo respeito". Escrito nas costas, é lógico, que é por onde aparecem os corajosos agressores.

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