Estava tudo indo relativamente bem, na paz, tranquilinho. Um pequeno e saboroso regalo para simpatizantes do centenário futebol no cardápio da Páscoa, além do bacalhau: Atletiba decisivo! Para o Coxa, valendo a conquista do Estadual. E na Arena da Baixada, pela terceira vez! Invicto! Põe na conta, Gouveia! Mas, por supuesto, "se". O "se" sempre bateu um bolão.
Para o Atlético, vale tanto quanto pesa. Construir uma barreira eficiente para o tsunami alviverde seria a glória a Deus nas alturas da Baixada. Quebrar a excêntrica invencibilidade do Alviverde deixaria todos os joaquins-américos felizes para todo o sempre, amém.
Até a segurança pública, a princípio ressabiada (gato escaldado tem medo de água fria ou quente), até concordou com a entrega do troféu ao Coxa, se o "se" permitisse, na Arena. Alguém estava preocupado? Eu não. Só ansioso pelo grande dia. Ansiedade não é preocupação, é ocupação.
Mas eis que entram em cena os cretininhos de sempre, os apostolozinhos da confusão, os missionariozinhos do quebra-quebra. Haja paciência, Gouveia! Eles, livres de algemas ou camisas-de-força, fazem o que bem entendem e, principalmente, o que não entendem.
No primeiro ato, entram no palco os pregadores rubro-negros da baderna. Ali na 7 de Setembro, esquina com a ignorância. Um ônibus quebrado, dona Maria assustada, população indignada: "Acabem com isso!". Como? Proibindo o futebol? Não, Golveia, claro que não. E também não sei onde estava a polícia naquela hora.
Segundo ato, Rua Mauá. Desde terça-feira passada, abnegados torcedores do pré-campeão acampam às margens de dois mil ingressos.
Uma fila que dobrava a esquina e ia embora, para lugar nenhum. Alguém cuidava da fila? Não. Uma centopeia tresloucada. "Vai, Lacraia, vai!".
Quinta-feira, 9 horas, os bilhetes migrariam para os bolsos dos arranchados da Mauá. Era a promessa. Pelo menos aos primeiros da triste fileira, suja e fétida. Desde terça-feira ali, vizinho!
Então algumas dezenas de oradores alviverdes da discórdia chegaram pregando que os últimos seriam os primeiros, vice-versa e olhe lá. "Ei, segurança! O que é isto? Estou aqui desde...". "Pow! Cala a boca que estou resolvendo."
A vizinhança pede, insone, das janelas: "Acabem com isso!" A Tropa de Choque é convidada. Bum! Bum! Pá! Pá! Ainda bem que você não estava lá, não é, Golveia? "Fila é desumano, bárbaro. Por que não vendem só pela internet?". Você usa internet, Golveia? "Não, mas essa molecada toda da fila usa. E evitaria isso".
Vou assistir ao Atletiba com você, Golveia, posso? E traz mais uma?
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