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Surrupiando referência de Luis Fernando Verissimo, em sua crônica "Fora do Gráfico", do livro A Eterna Privação do Zagueiro Absoluto, o melhor momento do Atlético no jogo contra o Náutico foi quando os jogadores rubro-negros estavam perfilados para cantar o Hino Nacional.

Naquele momento ainda havia uma ideia de organização, ordem, conjunto. O técnico Geninho, ao pé da torcida, desfrutou intensamente daquele último instante harmonioso do time, quando ainda tinha controle sobre ele. Assim que o apito soou, toda aobediência se dissipou.

Os dois gols que o pré-craque Wallyson fez no primeiro tempo provocaram a ilusão de que estaria tudo sob controle, como quando estavam em fileira para o Hino.

Daí veio o segundo tempo e logo aos três minutos a impressão deixada pela etapa inicial queimou rápido como fogo de palito de fósforo. Galatto se transformou em "galeto" diante de Gladstone e Anderson Lessa, com Carlinhos Bala passeando no meio como se estive embarcado em um ônibus da Linha Turismo. Só restou aos rubro-negros ciceronear os pernambucanos na visita à Arena.

Como penitência aos pecados, Geninho elegeu a juventude e inexperiência do time. Esta explicação não cola mais. Robinho levou o Santos a dois títulos do Brasileiro vestindo chuteiras e fraldas.

Juventude e esporte são sinônimos. Experiência é conveniente e bem-vinda em profissões como médicos, advogados, astronautas, donas de casa e cartunistas. Técnicos de futebol, às vezes, também precisam contar com experiência, mas, mais do que ela, contar com a sorte. E bons jogadores.

* * *

René Simões "adivinhou" que o primeiro jogo da semifinal da Copa do Brasil iria ser no Beira-Rio. Disse isso dois dias antes do sorteio na CBF. Por isso a CBF prometeu enquadrá-lo por entender que Simões estaria sugerindo que o sorteio seria arranjado, combinado.

Não sei se René fez ironia acreditando mesmo que o sorteio seria acordado previamente ou fez apenas um palpite ingênuo e insinuante. Seja o que for, o fato é que acabou acertando o resultado do sorteio e a convocação de Nilmar e Kléber para a seleção. Depois do episódio, foi chamado, também ironicamente, de "profeta".

Fiz a charge do último domingo em cima da "profecia" de René, na qual ele diz: "E tem mais: após a terceira rodada, a lanterna estará nas mãos do Atlético". Jamais imaginei que o Atlético fosse perder na Arena para o Náutico e ficar com a lanterna.

Isso só aconteceu porque o Coxa, então lanterna, conseguiu arrancar um empate com o Avaí, em Floripa. Além disso, o Galo metia 3 a 0 no Sport, que naquele momento era o dono da última colocação. O time do Recife reagiu e diminuiu para 3 a 2, passando a lanterna ao time da Baixada pelo saldo de gols.

Foi uma sequência incrível de ações que levaram o CAP ao rodapé da tabela; e a charge acabou sendo tão profética quanto René.

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