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Bem, depois das tantas emoções das eleições, voltar a pensar em futebol é como entrar numa cidade que você não conhece e procurar um endereço antes anotado, o qual é seu destino e motivo da viagem. Mas aí vamos nós, com um mapa em letras minúsculas e cifradas a guiar o rumo.

E escolhi como mapa a última edição de domingo desta Gazeta, quando o assunto do dia eram as eleições, claro. Mas também trazia, no caderno de Esportes, um assunto sempre desagradável – mas necessário – de tocar: a violência nos estádios de futebol.

Em matéria de duas páginas, do repórter Márcio Reinecken, intitulada "Futebol sitiado", o leitor pode experimentar alguns momentos indigestos – apesar do bom almoço de domingo – que o tema inevitavelmente oferece.

A reportagem trouxe alguns depoimentos de ex-freqüentadores de estádios de futebol, ou "campos de batalhas", como o leitor preferir; estudos da Comissão Paz no Esporte mantida pelo Ministério do Esporte e desabafos de dirigentes, jogadores e organizadas.

Com dados de 2004, a Comissão Paz no Esporte descobriu que apenas 19,8% dos estádios brasileiros foram ocupados no Brasileirão daquele ano. Adivinhe por que? A violência, a grande vilã da debandada, é endossada por 79% dos torcedores perguntados pelo Ibope e Lance!, em pesquisa também de 2004.

E a tendência é que a dispersão dos estádios continue: pais não levarão seus filhos aos estádios, e como não são bobos, eles próprios não irão, como o taxista Jucimar, em depoimento à reportagem do jornal.

O dinheiro dos ingressos serão bem investidos em pipoca e pay-per-view, a criançada estará segura em casa, o clube terá menos dinheiro no cofre e os canais pagos agradecerão; os times terão de se acostumar com jogos para gatos pingados ou apenas entrar em campo para a torcida organizada, que hoje é praticamente "sócia" do clube, com exigências e interferências cada vez maiores (a Império, organizada do Coxa, tem dado boas aulas de persuasão, mas tem uma coisa importante: "democraticamente" discutem – organizada, atletas e dirigentes — os problemas do clube).

Sendo assim, se Gionédis não responder às expectativas da torcida, Papagaio ainda se canditará a presidência.

Nesta toada do "futebol-porrada", no futuro teremos apenas jogos virtuais, no conforto de casa. E quem sabe até podendo interferir com um clique.

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