Dia desses, transitando pela Brasílio Itiberê, avistei ao lado esquerdo a Arena. Há muito não ia para aqueles lados e dei uma paradinha para ver a quantas andavam as obras no estádio que vai representar o Paraná na Copa.
Levei um susto quando vi apenas as colunas. Nada de cadeiras, nada da cobertura, só os pilares que sustenta ou sustentava todo estádio em pé. Não era para apenas terminar a obra já iniciada em 1999? pensei com meus botões de futebol. Achava, em minha ingenuidade arquitetônica, que bastaria terminar o que faltava, construindo as arquibancadas faltantes da Brasilio Itiberê e sua respectiva cobertura.
Mas não. Foi necessário deixar tudo no osso para terminar a Baixada, para minha surpresa e de mais um curioso que se aproximou questionando justamente isso, se precisava arrancar tudo o que arrancaram.
Deve ser para ajustar as colunas, eliminar os pontos cegos respondi.
Puxa, não imaginava que seria tão grande assim a obra disse o outro visitante.
É... é uma obra e tanto disse-lhe.
Vamos ganhar um estádio praticamente novinho em folha sorriu o sujeito, revelando ser torcedor do Atlético.
É, quase tudo novo respondi evasivo.
É atleticano? perguntou sem rodeios.
Não. Coxa-branca disse eu só para provocá-lo e ver sua reação.
Coxa?! Bem, você não deve concordar muito com esta obra, não é? voltou a questionar o senhor de uns 55 anos.
Com a obra não tenho nada contra, claro. Mas não gosto da participação de recursos públicos nela respondi tranquilamente, olhando em direção à Baixada.
Mas vai ser bom para todo mundo. Todo o estado e a capital vão ganhar com isso disse meu interlocutor com convicção religiosa. E não será um elefante branco. Será bem usada. E se vocês quiserem usar também, a gente aluga sem problema.
Ah, sim, obrigado. Não vou esquecer sua gentileza respondi a ele já me afastando em direção ao carro e encerrando ali aquela conversa absurda, mas escutei ainda ao longe:
Prazer, hein? Foi um bom fair play!
* * * * *
E Keirrison voltou mesmo para o Coxa. Saiu do Alto da Glória de modo conturbado; culpa, em boa parte (põe boa parte nisso), de seus empresários, que se apressaram em negociá-lo, primeiro para o Palmeiras (onde jogou bem) e depois pro Barça (uma burrada e tanto). Em seguida fracassou no Santos e Cruzeiro.
Tudo muito precipitado e malfeito. K9 terá de recomeçar do zero; precisa renascer e escolheu o Couto para berçário, onde nasceu da primeira vez. Contundido (segundo dizem), a torcida terá de esperar ainda um bom tempo para vê-lo ressurgir das cinzas.
O guri é novo e não pode ser responsabilizado sozinho por toda a presepada envolvendo seu futebol. De nada adianta a torcida agora dizer que K9 é isso, que K9 é aquilo, como diria Coalhada, personagem imortal do mais imortal ainda Chico Anysio.
Mas hein?