Onde está a paciência?

Qualquer torcedor de futebol com algum juízo percebe o aborrecimento que muitas vezes o assunto traz.

Acompanhar o dia a dia do time pode acarretar problemas nos nervos e nas coronárias. Para cada coisa vinda do clube que agrada, vêm outras três que desagradam, cumulativamente.

É uma matemática de resultado quase sempre negativo, quase sempre injusto. Mas assim parece ser feito o futebol.

As agruras de uma temporada só serão minimizadas caso, ao final dela, o time se dê bem, levantando o caneco ou ganhando algum prêmio, uma compensação, como uma vaga a outro torneio desejado, por exemplo.

Mas durante o percurso, desde a elaboração do regulamento, passando pela montagem do time até a disputa dos primeiros jogos, o enfadamento pode ser grande.

Portanto, paciência, caro torcedor.

Paciência, torcedor rubro-negro, com os ingressos caros demais pro seu bolso (o seu bolso!). Paciência com a restrição da liberdade nas arquibancadas de sua Arena, do seu Atlético, que andou proibindo as imprescindíveis geladas em suas cadeiras. Paciência. Beber e comer era só nos quiosques. Arquibancadas apenas pra torcer, gritar, xingar e, digestão feita, arrote bastante.

Paciência, torcedor rubro-negro. Você sabe: quem está na chuva tem que se molhar (lembre-se que os guarda-chuvas também estão proibidos). Paciência, dias melhores poderão vir – quem sabe a vitória sobre o Iraty, depois da abstinência de dez jogos, e a garotada da Copinha paulista, não são as boas novas? Paciência.

Paciência, torcedor alviverde. Vai que o Macuglia é o cara pra remover a mácula dos últimos dois anos? Paciência, aguarde, observe. Espere o sinal verde. O Paranaense é só pra isso mesmo, formar um time, pacientemente. O acesso é o que interessa, não é? Então, paciência. Dos 33 atletas que estão no Alto da Glória, deve ter pelo menos uma dúzia deles preparados pra defender seu verde e branco, ou não? Pô, cara, não desista! Seu time precisa mais de você do que você dele agora. Quem foi que jurou amor eterno? Aposto que foi você. Então, paciência e suba o morro envergando a bandeira. Esqueça o GG! Ele é que nem tártaro. Difícil de tirar.

Paciência, torcedor tricolor. Paciência com a imprensa nacional que anda dizendo que seu clube abandonou o projeto Libertadores, só porque desmanchou o time inteiro que ganhou a vaga, como se na Vila ninguém mais tem cartas na manga.

Paciência com a maledicência, que insiste em dizer que suas aspirações são muita areia pro seu caminhãozinho. Tenha paciência, Fúria.

"A paciência? Ali na primeira porta. Mas bate de leve, senão ela fica furiosa". Essa é do Millôr. E já que citei o guru do Meyer, aí vai mais: "O humor compreende o mau humor. O mau humor é que não compreende nada". Ou ainda: "O humorismo é a quintessência da seriedade".