As cifras envolvendo a construção dos estádios que receberão os jogos da Copa tupiniquim de 2014 são um autêntico samba do crioulo doido. A cada entardecer ou amanhecer, ou a cada nova edição dos jornais, lá estão novos números, risonhos, a estampar as páginas para quem quiser conferir e torcer o nariz.
Ontem, em matéria sobre a interferência do Tribunal de Contas do Paraná em relação à engenharia financeira e cronograma das obras da Arena da Baixada, se vê ao menos meia dúzia de valores. É um tal de R$ 35 milhões pra cá, R$ 45 milhões pra lá, R$ 184,5 milhões, R$ 138, 120, 90, 15! (o menor deles, e não lembro para quê) e por aí vai. É de deixar Pitágoras zonzo.
Das doze subsedes, apenas Curitiba, Porto Alegre e São Paulo entrarão com estádios particulares na Copa. Os outros nove, como todos sabemos, são de propriedade dos respectivos estados federados e não por acaso sem grandes problemas para tocar suas obras; uma festa só, sem muita oposição. Portanto, observa-se mais rififi em torno do Beira-Rio, Itaquerão e Arena da Baixada do que qualquer outro.
A verdade é que Curitiba nem era para estar dentro da Copa brasileira. Isso só aconteceu porque a Baixada foi apresentada aos morubixabas da Fifa, em meados de 2008, como exemplo a ser seguido por todo o país como estádio moderno. Na verdade o mais moderno da América Latina, ultrapassando em qualidade inclusive os estádios que sediaram a Copa dos EUA.
Não dá para não apoiar a iniciativa dos dirigentes do Atlético à época, colocando Curitiba no mapa do futebol mundial com a escolha da cidade como uma das subsedes da Copa. A partir daí cresceram os olhos de muita gente, graúda e pequeninha. Todos querendo faturar o seu, seja em numerário, seja em prestígio político, público.
De um valor inicial de R$ 45 milhões, em 2008, para concluir a Arena, já estamos em 184,5! Não porque o material de construção encareceu, mas por conta daquele tal caderninho de encargos da Fifa, que deve conter muitas letrinhas miúdas de rodapé e talvez o maior responsável pela volatilidade dos valores.
De qualquer modo, Curitiba e o estado do Paraná empenharam sua palavra e tinta da caneta para responder ao desafio. Se a Copa na capital paranaense azedar por algum motivo (e eles não faltariam, segundo opositores à empreitada), a perda seria muito maior - e talvez irreparável - para os homens assentados nas cadeiras do Poder Executivo do que para o Atlético Paranaense.
Não há muita coisa a fazer agora do que seguir adiante, com transparência, para que a Copa no Brasil não seja lembrada por nós como um fiasco, tipo aqueles de jogar uma finalíssima de um torneio importante e perder de goleada.
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