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Depois da vitória suada do Coxa sobre o Ceará, no sábado, este cartunista – e dublê de cronista esportivo – ouviu a coletiva de René Simões, pelo rádio. O técnico falou aos inúmeros microfones que o atacaram com uma verve de dar inveja a muitos palestrantes motivacionais, desses que pululam por aí.

Simões não tem sotaque carioca muito exagerado, como esses que escutamos vez outra nas novelas produzidas no Rio de Janeiro – a cidade ficção, a Hollywood dos pobres.

Os "erres" e "esses" (marrrcou bobeira, mano; maisssh...) dos cariocas, quando excessivos, causam labirintite em nós, do sul.

Pois bem. O orador René, com seus "erres" e "esses" mais leves, na coletiva, respondeu a poucas perguntas. E nem foi possível – e nem preciso – fazer muitas delas.

Sua tática é boa: fala bastante (é carioca!) e tem fôlego comprido. Antecipa as respostas antes mesmo das perguntas serem feitas. Deste modo, não deixa brechas para questionamentos de algibeira.

Em meio a explicações sobre o jogo – que marcou o recorde de público no Couto neste ano –, René contou ainda que ficou feliz e surpreso com o bicho-extra oferecido por Gionédis, num almoço, para cada vitória do time. O jabaculê será estendido aos familiares da trupe de René, que aproveitou e pediu mais dois meses de sacrifício aos entes queridos.

Empolgado com o ânimo geral (jogadores, familiares, torcida, dirigentes, imprensa), René não se conteve e sapecou um prognóstico ainda mais otimista sobre o futuro próximo do Coritiba: agora já não quer apenas subir à Primeira Divisão. Quer ser campeão. Foi o que disse às rádios.

Simões está exagerando? Não. Isso é possível. E o técnico alviverde sabe também que a arrancada para o virtual título começa nesta sexta, quando recebe o vice-líder Ipatinga. O Couto deverá bater novo recorde de público e poderá fechar o mês de setembro com seis pontos de vantagem sobre os mineiros.

Agora, se perder – ou empatar – na sexta, René tem de voltar à velha e principal meta, que é só subir.

Perder uma das quatro vagas do acesso nestas doze últimas rodadas seria tão desastroso para René quanto a queda para a Série C do Vitória, em 2005, sob seu comando. Nesta ocasião, perguntado sobre seu futuro, respondeu: "A única certeza que tenho é que cheguei a 25 finais em minha carreira e tenho uma alegria e uma dor incomparáveis. A alegria foi chegar à Copa com a Jamaica, em 1998; e a tristeza foi a queda com o Vitória. É uma frustração que nunca vai se apagar.""

René tem agora uma ótima chance de somar mais uma alegria em seu incrível currículo: devolver o Coritiba à Primeira Divisão.

Nem precisa do título.

tiagorecchia@gazetadopovo.com.br

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