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"Seu Wilson, você tem vaca, cachorro e veado?". "Só tenho o cachorro" – respondeu Seu Wilson para a senhora de pele e cabelos brancos como clara de ovo batida. "É mesmo? Você não consegue na outra lotérica para mim?". "Vou tentar". "Então volto na quarta-feira" – despediu-se a senhora idosa, levando só o cachorro na mão.

A fila não andava. Parada como o ventilador no teto. Estava frio e não havia necessidade de estar ligado. O aglomerado de pessoas aquecia o ambiente; e a demora dos caixas impacientava e acalorava ainda mais a todos no espaço apertado.

No balcão com os volantes de apostas, uma senhora negra, cabelos cinza, gritava ao celular. "Como é que é?!? Quatro, dezessete e... Como?!? Hein?!? Quarenta e...". Ela tira o aparelho do ouvido e fala alto: "Tem boca e não fala!". Alguém mais atrás na fila emenda: "E ela tem orelha e não escuta". Risinhos. "Ah, ele que venha fazer a aposta!" – disse a senhora negra, braba, enquanto guardava seu celular na bolsa e se retirava da lotérica batendo forte os sapatos no chão gelado.

Nisso uma das caixas anuncia, enfiando o rosto pelo buraco do vidro: "Caiu a conexão. A previsão é que volte daqui a uns 10 ou 15 minutos". "Ahhh...". "O quê?". "Não é possível!". "Já estou aqui há 15 minutos!", reclamou a fila. Uns saíram resignados, a maioria permaneceu, com as sobrancelhas sérias. Vai que seus números dão hoje? Para isso é necessário apostar, fazer a fezinha, esperar a volta da maldita conexão.

A vida do Trio de Ferro tem sido uma loteria. As probabilidades de vencer, empatar ou perder são uma completa incógnita, enigma, surpresinha. Alguém apostaria nos 2 a 0 que o Coxa aplicou no tricampeão brasileiro? É de se duvidar. Só à medida que o jogo corria e se via a disposição firme do time alviverde em vencer, se acreditaria neste resultado. Antes, não. Antes as apostas poderiam ser coluna um, do meio e coluna dois.

E alguém apostaria que o Atlético, vivendo lua de mel com o novo técnico Waldemar Lemos, levaria a surra que levou de um Grêmio deprimido com a eliminação na Libertadores? O mais pessimista teria cravado coluna um, Grêmio. Mas um placar desses, ah, não.

O Paraná, desde que venceu o Juventude, em Caxias, sumiu. Deve ter ficado por lá. Está mais fácil acertar um palpite envolvendo o Tricolor: seus adversários irão no mínimo empatar.

Mas agora, de técnico novo, Sérgio Soares, que subiu o Santo André, a porfia poderá ser outra. Paulo Comelli foi uma aposta que não deu em nada. Zetti idem. E Soares? Façam suas apostas.

E será que aquela senhora citada acima vai acertar, na quarta-feira, a vaca, o cachorro ou veado? Depois eu pergunto ao Seu Wilson.

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