Nunca antes na história deste país um torneio por pontos corridos foi tão emocionante em sua reta final. Faltam apenas quatro rodadas e não há bola de cristal que possa refletir o que acontecerá no remate do BR-09, de cabo a rabo, de cima a baixo da tabela de classificação.
Os quatro cavaleiros do ápice estão enfileirados em direção ao troféu com um pontinho apenas separando-os: São Paulo, Palmeiras, Flamengo e Atlético-MG, com 59, 58, 57 e 56 pontos, respectivamente. Quase inacreditável que isso esteja acontecendo, mas está. E que bom que esteja, para a graça do espetáculo, amém.
A próxima rodada, a 35.ª, fragmentada, começa amanhã, com o jogo solitário entre o Palmeiras e Sport. Passa por sábado, com mais três jogos, quando o Coxa recebe o Galo, e vai a termo no domingo, com o Furacão enfrentando o Fluminense, no Rio.
Dos quatro sobranceiros, Palmeiras e São Paulo têm os jogos mais plácidos, contra Sport e Vitória. O Mengo visita um aflito Náutico e o jogo que deve ser o mais difícil não se sabe ainda se para mineiros ou paranaenses é o do Alto da Glória, com um Coxa com as costas de sua orelha com um hospedeiro indesejável: a pulga.
Isso porque com Botafogo e Fluminense reagindo incrivelmente nesta reta final do torneio, vencendo as três últimas partidas, as coisas para a dupla Atletiba sobretudo ao Coxa ganham cores mais dramáticas no contenda contra a degola.
(O Flu já está com a incrível marca de nove jogos invicto, contabilizando dois da Sul-Americana.)
Se por um lado o torneio nacional está frenético, admirável, por outro arrepia quanto ao som do apito, machucando os ouvidos e outros sentidos.
Carlos Eugênio Simon foi defenestrado pela CBF por não soprar direito sua ferramenta no jogo Fluminense 1, Palmeiras 0. Obina fez um gol tão legítimo quanto o de Fred, que deu a vitória ao tricolor carioca. Fred tem sido o milagreiro das Laranjeiras, marcando cinco gols nos últimos quatro jogos do Flu. Uma arbitragem infeliz pode azedar seu caráter heroico.
Também faltou a Wilton Pereira Sampaio, cabeça da arbitragem do jogo Botafogo x Coritiba, ter recebido pelo menos um escalda-rabo. Os 2 a 0 do Fogão sobre o Alviverde tiveram a participação indiscutível dos pulmões de Sampaio.
A questão não é como alguns torcedores gostam de trombetear se foi intencional ou não. A questão é que quando há erros, eles têm de ser questionados e levados a julgamento na Comissão de Arbitragem para as devida providências e penalidades, quando necessárias, ou não?
Nessas últimas quatro rodadas, a torcida terá de assistir aos jogos de seus times com um olho na bola e outro no apito dos homens de preto e amarelo. Jogadores e esquemas táticos competentes podem decidir um campeonato, mas o som penetrante e agudo do apito também, infelizmente.
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