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Givanildo era um estranho no ninho. Um retirante compulsório. A contratação mais bizarra de todos esses anos ascendentes do Atlético – somados os últimos dez, deu algum caldo, não deu?

Antes mesmo de seu périplo de fracassos, já se ouvia por aí que o nordestino não estava à altura pra substituir Lothar Matthäus, grande cartada de marketing quebrada por uma seqüência fantástica de desencontros (com alguns encontros furtivos) e equívocos, encerrados por um longo e abafado silêncio em território rubro-negro. O Acaso, grande jogador, tinha cartas melhores na manga e despejou um "Royal Straight Flush" na mesa dos atleticanos.

Depois do baque e sem mais cartas nas mãos, o jeito foi improvisar com um anônimo, humilde e pequeno nordestino. Um oposto a Lothar e seu glamour. Talvez desse certo. Teria sido isso que a diretoria precisava à época: as tais sandálias...

Ao contrário do sul, Giva é conhecido e reverenciado lá em cima do país, em sua terra.

Enquanto enfileirava fracassos por aqui, até lançou livro com sua ótima biografia no nordeste. Givanildo: Uma Vida de Luta e Vitórias não deve ganhar adendo com a passagem pelo Atlético, claro. Sua grande borrada no currículo.

Tal qual Fabiano em Vidas Secas, de Graciliano, Givanildo também foi hostilizado pelo ambiente, pela cidade estranha, um homem engolido pelos obstáculos que o meio lhe impõe. Repetiu assim o fadário do retirante nordestino. Aqui também encontrou uma paisagem hostil, arrastou-se em peregrinação atrás de melhor sorte.

Como Fabiano, precisava ir embora daquele lugar maldito. Aquilo não era bom pra se viver. Tudo indicava que a permanência naquela terra estava esgotada.

Givanildo então juntou os cacos e o resto de energia e partiu, deixando para trás uma vida ruim, uma vida seca. Comer o próprio papagaio nunca mais.

Em seu lugar alguém que já conheceu fartura por aqui. E seca.

O Vadão do biênio de 1999/2000 empanturrou-se com vaga em Libertadores, título de campeão paranaense e participação nos principais torneios do país.

O Vadão de 2003 viveu dias de Fabiano/Givanildo, fracassando onde pisava. Secando todas as fontes.

A aridez lá pela Baixada é grande e não vai chover tão breve.

Terão de engolir alguns papagaios ainda, enquanto seus inimigos sonham de barriga cheia com o próximo banquete.

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