A imprensa e o público precisam ter paciência com Mano Menezes, com os resultados iniciais e com as atuações da jovem seleção brasileira.
Espero apenas que, como tem defendido Mano Menezes nas entrevistas, a seleção jogue, desde a primeira partida, de um jeito diferente, com a bola no chão e mais trocas de passe, e não com chutões para frente, como fez o São Paulo contra o Inter. Às vezes, dá certo. A maioria das equipes atua como o São Paulo. O Santos e o Inter são algumas das poucas exceções.
Mano Menezes vai adotar o esquema que conhece bem, com quatro defensores, dois volantes, um meia, um centroavante e um jogador de cada lado, que defende e ataca. O Santos joga dessa forma, com Robinho de um lado, Neymar de outro, e Ganso pelo centro. Isso facilitará para o técnico. "Quem dá a bola é o Santos".
Uma variação desse esquema é, em vez de jogar com dois volantes e um meia, escalar um tripé no meio de campo, com um volante pelo centro e um armador de cada lado, com funções defensivas e ofensivas. Ganso pode ser um dos dois armadores.
Muito mais importante que o esquema tático é saber com quantos jogadores o time defende e ataca, onde começa a marcação, qual a distância entre o jogador mais recuado e o mais adiantado, qual é o espaço entre os três setores, se a prioridade será impor o jogo ou marcar mais atrás para contra-atacar, qual a capacidade da equipe de variar e improvisar durante a partida e outros detalhes.
Se Kaká, que foi operado do joelho, voltar a brilhar, Mano Menezes deveria escalá-lo ao lado de Ganso. Os dois jogam na mesma posição, mas são bem diferentes. Kaká é atacante. Ganso é armador. Além de marcar, Ganso poderia iniciar as jogadas mais de trás, atuando de uma intermediária à outra.
Ganso pode se tornar, ainda não é, o craque de meio de campo que não existe na seleção nem no futebol brasileiro há muito tempo e que faz uma tremenda falta.
Além da criatividade, habilidade, técnica e movimentação em campo, Ganso demonstra uma grande confiança em seu talento. Nelson Rodrigues, em seu delicioso exagero, dizia que a maior virtude de Pelé era a imodéstia absoluta, a certeza de que era muito melhor que todos os outros.
Como escreveu Xico Sá, com palavras muito mais interessantes, os jogadores precisam aprender com Ganso a arte de se jogar futebol.