Antes de terminar o Brasileirão, a discussão sobre quem será o técnico da seleção está na imprensa e nas ruas. Já existem cabos eleitorais. Ninguém acredita na permanência de Dunga. Parece até que a CBF anunciou sua saída.

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Semanas atrás, Luxemburgo estava disparado nas pesquisas. Diziam que ele já tinha combinado com Ricardo Teixeira. Com a ascensão do São Paulo, Muricy seria hoje o preferido do torcedor, da imprensa e da CBF. Falam que sua contratação está certa, se o São Paulo for campeão.

Outro candidato pouco cotado, ainda mais que não está no Brasil para defender seu nome, é Paulo Autuori. Mas dizem que é o preferido de Parreira, que seria o diretor técnico. Os dois têm o mesmo perfil. São estudiosos, acadêmicos, muito educados, falam bem e têm bom relacionamento com a imprensa. Além disso, Paulo Autuori já foi campeão brasileiro, da Libertadores e do Mundial de clubes.

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Outro que teria uma grande aceitação popular é Zico, que começou bem a carreira de treinador. Por ser inexperiente, menos que Dunga, e ter criticado várias vezes a CBF, teria mínimas chances. Zico não aceitaria também o cargo, embora Ricardo Teixeira tenha imposto seu nome para supervisor em 1998, contra a vontade do então técnico Zagallo, que teve de engoli-lo.

Luxemburgo é muito cotado e muito rejeitado, por outros motivos, mesmo se for campeão brasileiro neste ano. Muricy tem menos rejeição. Até seu mau humor é elogiado. Diferentemente de Luxemburgo, Muricy só quer saber de futebol. Porém, muitos acham que ele é um técnico pragmático e que sua contratação seria uma contradição, pois querem ver a seleção jogando um futebol mais vistoso.

Na semana passada, esquentou a disputa pelo cargo. Luxemburgo não foi à Argentina, mas comentou o jogo do próprio time pela TV Globo. Segunda-feira, Muricy estava no programa Bem, Amigos, com Galvão Bueno. Não vi, mas me disseram que Muricy estava tão sorridente que parecia um político na véspera da eleição ou alguém posando para uma coluna social. Os dois sabem que é importante ficar bem com a Globo.

A maioria da imprensa supervaloriza os treinadores, como se fossem mais importantes que os jogadores. Com freqüência, escuto que um técnico ganhou do outro, e não que um time ganhou do outro; que um técnico conquistou o título, e não que a equipe conquistou o título. Essas e muitas outras frases não são ditas apenas pelo hábito. São expressões de uma distorção, que empobrece o futebol.

Preconceito

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Sem a ajuda de um bom treinador de campo, para comandar os treinamentos, e de um bom diretor técnico, para discutir as opções táticas, Maradona será um fracasso na seleção argentina, pois não se preparou para o cargo de técnico. Ele sabe disso.

Existe também no Brasil um grande preconceito com Maradona, como se ele fosse hoje um ignorante ou a pior das criaturas. Maradona cometeu um grande número de erros na vida, mas, pelo que sei, nunca compactuou com a trapaça dos poderosos nem é pior que algumas pessoas conhecidas que estão no esporte, em todos os setores.