Antes da Copa, todos os que elogiavam a Holanda e a Espanha não acreditavam que as duas seleções pudessem ser campeãs.
Holanda e Espanha têm tudo a ver. As duas seleções têm tradição de jogar bonito, e vários jogadores e técnicos holandeses trabalharam na Espanha. Cruyff é o maior exemplo dessa relação. Ele jogou nos dois países, além de ter sido técnico do Barcelona. Os estilos bonitos da Espanha e do Barcelona estão presentes nos conceitos e lições de Cruyff.
Após a vitória sobre o Uruguai, os holandeses tiveram mais um dia de folga e se encontraram com suas companheiras, filhos e amigos. Como se vê, não há uma única maneira de formar um grupo unido e guerreiro. Pode ser do jeito holandês ou do jeito de Dunga e Jorginho, com suas igrejinhas de jogadores bem comportados.
A Espanha, assim como o Barcelona, por marcar por pressão, valorizar a posse de bola e pela troca de passes, tem um estilo diferente de todas as outras equipes. É preciso separar a troca de passes rápidas, precisas, para frente, da Espanha e do Barcelona, com o objetivo de chegar ao gol, dos passes curtos, para o lado, lentos, das outras seleções. Jogando assim, a Espanha ganhou a última Eurocopa e chegou a ficar 52 jogos sem perder. A Espanha nunca teve um time tão bom quanto o atual.
O técnico Vicente del Bosque, que substituiu a Luis Aragonéz, após a Eurocopa, mudou o time ao colocar mais um volante, adiantar Xavi e escalar apenas um atacante. O time ficou menos ofensivo e com mais segurança na defesa. Prefiro a maneira anterior.
O centroavante Fernando Torres foi substituído também por motivos técnicos. Todos os jogadores da seleção inglesa e todos os outros que jogam na Inglaterra, como Fernando Torres, não foram bem na Copa.
Vou torcer para a Espanha. Se a Espanha ganhar o título, será ótimo para o futebol. Será a vitória do time que joga bem, diferente e que dá espetáculo.
Se isso acontecer, espero que influencie os técnicos brasileiros, que não estão nem aí para a qualidade do jogo. Só pensam em vencer. Eles não gostam de futebol. Gostam de ganhar. O futebol brasileiro precisa, dentro e fora de campo, de pessoas que gostem de futebol, e não apenas de vencer e de fazer bons negócios.
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