Johannesburgo É minha sétima Copa, duas como jogador e cinco como comentarista. O Mundial é a maior competição de futebol, mas não é uma guerra nem a coisa mais importante do mundo.
Sempre que escrevo, tenho a sensação de que eu, ou alguém, já disse o mesmo ou coisa parecida, com outras palavras. É difícil fugir da mesmice. Só os gênios são originais. A vida, na maior parte do tempo, é uma mesmice. Ela só é especial quando emociona e surpreende.
Como a rígida seleção não vai surpreender, mesmo que jogue bem e/ou vença, será difícil também para a imprensa sair da mesmice.
Como a preparação para a Copa de 2006 foi duramente criticada, Dunga, que adora regras, mudou o relacionamento da seleção com a imprensa e com o público.
Dunga diminuiu o número de entrevistas coletivas, de entrevistados e acabou com o corredor, um estreito espaço por onde os jogadores passavam antes e depois dos treinos. Dunga fez muito bem. Os jogadores correm dos repórteres, e estes correm atrás dos jogadores.
As entrevistas coletivas costumam ser uma chatice. Os jogadores e o técnico só respondem o que querem, e os repórteres, com frequência, só perguntam o que já sabem a resposta. Pouco se aproveita.
A seleção está hospedada em um hotel reservado, como em 2006. Acho isso bom, mas faz pouca diferença. O Brasil já ganhou e perdeu Copas com vários tipos de concentrações.
As famosas baladas de 2006 ocorreram nos dias e horários de folga. Nesses dias, os jogadores vão rezar, passear, e alguns vão se divertir, cada um de seu jeito. Foi sempre assim. Será que não haverá folga nesta Copa? Ficar preso todo o tempo também não é bom.
Não dou importância às proibições para a imprensa tirar fotos e fazer imagens e para a presença de público. Por causa do excessivo número de torcedores nos treinos em 2006, Dunga quer mostrar que a coisa agora é séria e exagera. Os jogadores também gostam de aplauso.
Dunga está certo em não permitir a instalação de tendas perto do gramado, durante os treinos, para os patrocinadores e seus convidados. Vira uma festa. Espero também que Dunga acabe com os privilégios de parte da imprensa.
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