Um ano antes da Copa de 2010, quando a maioria babava pelos resultados da seleção, Beckenbauer falou que não gostava de ver o Brasil jogar. Ele não disse que o time era fraco, e sim que jogava como as outras seleções. Dunga e os pragmáticos ficaram raivosos.
Após a vitória na Copa sobre o Chile, quando o Brasil era bastante elogiado, Cruyff falou que não pagaria para ver o time brasileiro jogar. Ele não disse que a seleção era ruim. Apenas quis dizer que a seleção não representava a tradição do futebol brasileiro. Dunga e os operatórios ficaram raivosos.
Há anos, alguns pouquíssimos cronistas criticam a supervalorização dos técnicos, o futebol de resultados e a falta de compromisso dos "professores" com a beleza e com a qualidade do jogo. Os técnicos e os utilitaristas contestam e ainda dizem que as críticas são opiniões saudosistas, românticas e utópicas.
Com qualquer técnico, a filosofia da seleção continuará a mesma. Graças à tecnologia, às informações imediatas e às relações virtuais, quase todos os treinadores pensam e fazem a mesma coisa, dentro de um padrão estabelecido como correto. Pequenas mudanças táticas, nos discursos e na maneira de treinar as equipes são variações sobre o mesmo tema, de que o importante é o resultado. E ponto final.
Tudo com a aprovação da maioria, dos que não entendem de futebol e dos que entendem, mas que só analisam a partir dos resultados e das condutas dos treinadores. O negócio futebol colabora para essa mesmice, além de ajudar na transformação dos técnicos em estrelas e em garotos-propaganda. Cada dia mais, os técnicos ocupam os lugares dos jogadores, nas entrevistas coletivas, diante dos painéis dos patrocinadores.
Muito mais importante que o novo técnico da seleção seria discutir a maneira de jogar do futebol brasileiro e tentar formar grandes armadores, como o espanhol Xavi. Não confundam esse tipo de jogador com nossos meias ofensivos.
A solução não é a volta ao passado. Há muitas coisas boas e ruins, no passado e no presente. O passado não pode substituir o presente, mas o presente precisa do passado. Todo encontro é um reencontro.
A CBF, uma entidade falida, não de dinheiro, mas de ideais esportivos, reina soberana, gigolando o time e os craques brasileiros, como se a seleção fosse dela. A seleção é do Brasil.
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