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Diminuiu a troca de treinadores no futebol brasileiro. Isso é bom, o que não significa que todos os técnicos deveriam sempre ser mantidos por um longo tempo.

Como existem dezenas de fatores envolvidos no resultado de uma partida, na conquista de um título, os treinadores precisam ser avaliados pela média de suas atuações durante vários anos. Muitas vezes, um técnico faz uma substituição errada e dá certo. Em outras, substitui certo e dá errado.

Muitas grandes equipes se formaram também por acaso, e não por competência e/ou planejamento dos técnicos e dos clubes.

Na década de 60, coincidentemente, surgiram vários jovens no Cruzeiro. Não esqueço a primeira vez em que eu e Dirceu Lopes treinamos no time principal. Tínhamos 17 anos. Parecia que jogávamos juntos há mil anos. Nos entendíamos pelo olhar e pelos movimentos do corpo. As virtudes que me faltavam sobravam nele e vice-versa.

Ao mesmo tempo, chegou Piazza. Para que eu e Dirceu Lopes brilhássemos, era necessário um volante que desarmasse por nós dois e que tivesse um simples, bom e rápido passe. Formou-se um tripé no meio-de-campo, que serviu de base para a entrada de outros jogadores. Em pouco tempo, sem nenhum planejamento, estava pronto um excelente time. Assim aconteceu com muitas outras equipes.

Ayrton Moreira, técnico do Cruzeiro na época, que tinha também seus méritos, passava todo o treino fora de campo, observando e conversando com os repórteres. Raramente parava o treino para dar instruções. Técnico bom é o que não atrapalha, já disse Romário.

Mas o futebol mudou, ficou mais veloz, mais tático, mais coletivo, e os técnicos tomaram conta do espetáculo, mais do que deviam.

Mesmo quando não têm nenhuma participação nas vitórias, os treinadores se comportam como se tivessem, com apoio de parte da mídia que bajula e supervaloriza as decisões dos técnicos.

Impressiona-me também como parte da imprensa, mesmo a independente, dá tanta importância a certas informações e a algumas decisões táticas dos técnicos, que têm pouca ou nenhuma importância.

Apesar das minhas críticas aos técnicos brasileiros, reconheço que eles, na média, são melhores que os da Europa. Temos ótimos técnicos trabalhando no Brasil, como Luxemburgo, Paulo Autuori, Muricy Ramalho, Abel Braga e muitas boas promessas.

Há muito tempo, e não pelo seu fracasso no Corinthians, não coloco Leão entre os melhores técnicos brasileiros. Além de suas condutas técnicas nada especiais, Leão está cada dia mais prepotente e mais agressivo. E ainda temos de fazer um curso para entendermos o que ele diz nas entrevistas. É o "leãonês".

A maioria das pessoas não suporta mais esse comportamento truculento do Leão, com exceção de alguns jogadores e de parte da imprensa que acham que os atletas só vão correr e jogar bem se forem amedrontados. Isso já era.

Muitos vão dizer que Leão tem créditos. É verdade, mas nem tanto. Fora o grande sucesso que teve no Santos em 2002, ele teve altos e baixos, como quase todos os técnicos. Será que o Santos de Diego, Robinho, Alex, Elano e tantos bons jogadores não aconteceu por acaso, independentemente de Leão ou de qualquer outro bom treinador?

Para se ter um bom e organizado time e para se fazer um bom trabalho, em qualquer profissão, é necessário tempo e planejamento. Mas, times excepcionais e as mais belas experiências na vida costumam acontecer por acaso, de repente, sem avisar, em um piscar de olhos.

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