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Assim como são publicados vários livros antes do Natal, muitos são lançados sobre futebol antes da Copa. O leitor é que vai dizer se são bons ou de ocasião. Ou as duas coisas. Não há nada de pecaminoso nisso. Somos todos marqueteiros. Uns mais, outros menos.

Prefaciei, com prazer, a excelente enciclopédia: O mundo das Copas, do jornalista pa­­ranaense Lycio Velloso Ribas. Outros bons livros foram lançados. O narrador Milton Leite escreveu As melhores seleções brasileiras de todos os tempos. Mauro Beting falou sobre As melhores seleções estrangeiras e Marcelo Barreto, sobre Os maiores camisas 10 do futebol brasileiro.

As listas de melhores causam muitas discussões. Alguns não concordam com os nomes, e outros acham que algum jo­­gador está fora de lugar.

Pelé, ponta de lança, se tornou o símbolo da camisa 10. Mas, dos outros dez escolhidos, três cracaços (Rivellino, Ade­­mir da Guia e Dirceu Lopes) eram meias armadores. Os ou­­tros sete foram Zizinho, Zico, Kaká, Ronaldinho, Rival­­do, Raí e Neto. Sócrates, que jo­­gava com a 8, estaria na mi­­nha lista dos melhores pontas de lança. Faltou também a Marta.

Os meias armadores eram típicos jogadores de meio de campo. Atuavam de uma área a outra. Eram organizadores e participavam da marcação. Os pontas de lança eram atacantes, artilheiros, que somente recuavam para receber a bola e, depois, chegar à frente.

Os atuais meias de ligação não têm a mesma função dos antigos pontas de lança nem dos antigos meias armadores. Alguns têm mais características de armadores, como Ganso. Outros se parecem mais com os pontas de lança, como Kaká.

A imprensa de todo o mundo, do passado e do presente, fala que a seleção, na Copa de 1970, tinha vários camisas 10. Não é bem assim. Gérson e Tostão jo­­gavam em seus clubes com a camisa 8. Gérson e Rivel­­lino eram meias armadores. Tostão e Pelé eram pontas de lança.

A crônica esportiva deveria ter mais cuidado com a terminologia. As coisas precisam ter nomes para serem entendidas. Laterais são chamados de alas, e alas, de laterais. O mesmo time joga no 4–3–3, 4–4–2, 4–2–1–3 ou 4–2–3–1. Jo­­ga­­dor que atua pelo lado é chamado de atacante e de meia. Há inúmeros outros exemplos.

Muitos torcedores iniciantes no futebol, jovens ou não, não querem apenas torcer. Querem também entender. Quando se compreende bem, o futebol fica mais prazeroso.

O sonho não acabou

Se o técnico do Santos fosse um europeu, certamente escalaria Robinho, fixo, de um lado, e Ney­­mar, fixo, de outro. É o es­­quema da moda na Europa, com dois volantes, uma linha de três meias e um centroavante. Assim, Robinho e Neymar seriam mais facilmente marcados. Ainda bem que Dorival Júnior não entrou na onda. Os dois jogam, se movimentam muito e estão, com frequência, perto um do outro. Confundem a marcação.

O Santos, sem perder a seriedade e a organização tática, re­­cupera o futebol que sonhamos e que muitos achavam que não mais existia. O outro futebol, o burocrático e convencional, é o da maioria dos outros técnicos.

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